Artesanato do Maranhão

Termos e Medidas Regionais

Jandir Gonçalves e Paula Porta

Nomes de produtos, técnicas, materiais e medidas usados pelos artesãos do Maranhão para falar de seu trabalho formam um vocabulário rico e com grande diversidade regional que foi mantido nos registros.

Este pequeno glossário explica o sentido local dos termos.

acordelado
tira, rolo

Técnica de feitio da cerâmica, popularmente conhecida por tira ou rolo, em que as peças são construídas a partir de rolinhos de barro. Regionalmente esta técnica é conhecida como tira, rolo, rolinho ou murrão

alguidar

Recipiente de cerâmica em formado redondo com o diâmetro da boca maior que o do fundo. Utilizado para guarda e serviço de alimentos a exemplo de bater massa de bolo, fazer vinha d’alho, fazer amassí (banho de cheiro), amassar juçara e outros. Também utilizado para servir.

alqueire

Medida usada indicar a quantidade de farinha que um cofo contém: um alqueire (30 quilos), meio alqueire (15 quilos), quarta de alqueire (7,5 quilos).

âmago

Termo usado para madeira dura, parte mais dura do tronco.

anda já
andador, carrinho para criança andar, carrinho de três rodas

Carrinho simples com três rodas, utilizado para criança aprender a andar. Também conhecido por andador, carrinho para criança andar ou carrinho de três rodas

aplicação

Peça de crochê ou renda de bilro em formatos diversos (retangular, quadrada, redonda, oval, triangular), feita em linha algodão ou linho de buriti, que pode ser usada isoladamente, ser emendada com outras para formar toalhas, sacolas, cortinas, colchas etc.; ou ser fixada para decorar roupas, bolsas, sacolas e outras peças. Termo comum em Tutóia, Paulino Neves e Barreirinhas.

aracó

Cesto pequeno de palha de babaçu usado para guardar alimentos, juntar coco ou amêndoas.

armação do boi
carcaça do boi, capoeira do boi, cangalha do boi, esqueleto do boi, grade do boi

Trata-se do próprio boi presente na brincadeira do Bumba Meu Boi. É feito com diferentes características e tamanhos, conforme os sotaques e as regiões, tendo em vista os movimentos de dança específicos utilizados pelos miolos (o bailante que lhe dá movimento). A maioria das armações é feita com os seguintes materiais: madeira para o quadro, arcos de jeniparana (cipó leve e fácil de envergar) para as costelas, talo de buriti para a cobertura e estopa ou tecido (em alguns pontos da Baixada Maranhense também se utiliza folha seca de bananeira para estofar) para finalizar. Com a carcaça pronta, o boi recebe a cabeça (geralmente entalhada em madeira e com chifres verdadeiros) e o couro ou lombo de veludo bordado (na Baixada o lombo tem formato retangular, colocado sobre a carcaça já revestida com tecido. A armação também é chamada de carcaça, capoeira, esqueleto, cangalha ou grade do boi.

arreio

Conjunto de peças para aparelhar animais de montaria ou carga. Composto por rédeas, pegadeiras, professora/ doma/ cabresto, cabeçalho/ cabeçada/ moita, cilha/ barrigueira/ chincha, loro/ lórum, estribo, peitoral, pêga e rabicho.

arrieiro

Artesão especializado em selas, arreios e apetrechos de montaria

arroba

Medida utilizada para o arroz e equivale a 40 quilos. No caso da carne, equivale a 15 quilos.

atraca

Cipó parasita que se enrola na palmeira de babaçu e outras árvores. Cresce até se tornar uma árvore de onde se extrai o leite de propriedades medicinais.

babaçu
pindova, pindoba, coco manso, capoteira, palmiteira, coco de macaco, caçoteira

Palmeira abundante no Maranhão, diversas regiões contam com matas de coco ou cocais. Suas partes são aproveitadas de diversas maneiras: coco (azeite, vinho, casca para carvão, mesocarpo e farinha e mingau, enfeites e bijuteria – inteiro ou fatiado, alimentação de animais, como estrumo de palmeira); palmito (normalmente da palmeira jovem), palha/ folhas (cestaria, cobertura de casa, mensaba, abano, esteiras, forração etc.), tronco (pontes, objetos decorativos, estrumo de palmeira), talo da folha (cercas, armadilhas de pesca). O termo capoteira ou caçoteira ou pindoba é usado para se referir à palmeira de babaçu quando sua palha está no ponto para ser usada na capota/ cobertura de uma casa, quando ainda não produziu o cacho de coco. O babaçu também é conhecido como pindova, pindoba, palmiteira, caçoteira, coco manso e coco de macaco.

badogue
badoque, baladeira

Estilingue/ atiradeira/ funda em forma de arco

bainha

O termo refere-se ao estojo feito para colocar a faca, o facão ou outro objeto, que apresenta uma alça para ser levado no cinto. Também pode se referir à parte da folha da palmeira que faz a junção com o tronco, depois do talo/ pecíolo e é utilizada no artesanato.

baixão

Região baixa e alagadiça de grande extensão, submersa durante o inverno, onde crescem diversas plantas e palmeiras usadas no artesanato (guarimã, junco, buriti etc.).

bastardo
boião

Embarcação maranhense (uma variação do igarité com a boca mais larga), utilizada principalmente na região do golfão maranhense e litoral oeste. ANDRÉS, Luiz Phelipe. Embarcações do Maranhão. 1998

biana

Embarcação maranhense pequena, com vela quadrada de pontas agudas, presente na ilha de São Luís e litoral oriental. Muito utilizada por pescadores por ser estável e veloz. ANDRÉS, Luiz Phelipe. Embarcações do Maranhão. 1998

boi piranha

Tipo de couro do boi bordado (Bumba Boi), dividido em três partes, sendo a do centro preta e as laterais vermelhas. É usado em vários municípios da Baixada Maranhense, em geral é bordado na máquina de costura e tem formato retangular.

borra

Sobra da palha do buriti ou da carnaúba após a retirada do linho, que permite produzir um tecido menos flexível destinado a tapetes, esteiras ou bolsas. Também é utilizada em vassouras e vasculhadores.

braça

Medida dos braços estendidos, vai da ponta de um dedo de uma mão até a ponta do dedo da outra mão. A braça caveira é a distância da ponta do dedo do braço erguido até o pé. Em geral usada para o tamanho de rede de pesca (cujo preço é definido por braça). No caso da braça de buriti, refere-se ao talo.

bulecha

Maço de junco que cabe em uma mão (quantidade que a mão abarca), usado no tecimento da esteira. Uma esteira leva 10 ou mais bulechas de acordo com sua finalidade.

buriti
murutim, mututim

Palmeira abundante na região dos Lençóis Maranhenses, mas também presente em muitos outros lugares. Dela se extrai o linho (para crochê e tecelagem fina), a folha/ palha (cobertura de casa, parede de casa, vassoura, abano, cestaria), o talo (trançados, armadilha de pesca, porta, janela, móveis, carcaça do bumba boi, pequenas peças entalhadas como miniaturas de embarcação, brinquedos, objetos de decoração), o troco (pontes), o fruto (vinho, doce, polpa seca), o palmito. A palmeira chega a alcançar 40 metros de altura. Também conhecida como murutim ou mututim

cabeçada
cabeçalho, cabeção

Parte do arreio que envolve a cabeça do animal. Também chamada de cabeçalho ou cabeção.

caçuá

Cesto com alças circular ou retangular, confeccionado com cipó.

caçueira
caçoeira

Tipo de rede de pesca. Também chamada de caçoeira

cacurí

Armadilha de pesca formada por uma esteira de varas com as extremidades voltadas para o centro, formando dois bolsões. É um mini curral de pesca.

cadilho
cadilha, cadil

São os fios torcidos ou trançados da urdidura das redes de dormir. Eles são presos pelo mamucabo, que os une aos punhos. Também chamado de cadilha ou cadil.

caititu
bola de caititu

Ralador de mandioca usado nas casas de farinha, formado por cilindro de madeira no qual são incrustradas serrilhas de metal (o nome faz menção ao caititu/ porco do mato, que é um roedor). Também chamado de bola de caititu

camamonja

Armadilha de pesca confeccionada em palha

canoa costeira
cara chata, cúter

Embarcação à vela bastante presente em todo o litoral maranhense, considerada a de maior destaque dentre a diversidade da produção naval do estado. É a embarcação tradicional mais utilizada para o transporte de carga. Um exemplar foi tombado como Patrimônio Cultural do país. Sua principal característica é o formado da vela, cujo tecido tradicionalmente é tingido com casca do mangue vermelho. ANDRÉS, Luiz Phelipe. Embarcações do Maranhão. 1998

carapina
carpina

O mesmo que carpinteiro

careta de cazumba
máscara de Cazumba

Parte da indumentária do Cazumba (Bumba boi da Baixada), composta geralmente pelo queixo e a torre/ coroa/ igreja/ placa. A careta também é chamada de máscara.

cariel
cairé, cairel

Nome da parte tecida da rede de dormir que une os cadilhos ou tranças aos punhos (Ver DESTAQUES - Redes de dormir). O termo cariel é usado na região de São Bento, nas demais é comum o uso do termo mamucabo. Também foram ouvidas as variações cairé e cairel.

carnaúba

Palmeira bastante presente na região nordeste. No Maranhão todas as suas partes são utilizadas. Das folhas são extraídos o linho e a palha para produzir bolsas, esteiras, sacolas, espanadores, vassouras, vasculhadores etc. O troco é utilizado em mobiliário, cercas, traves de futebol, prensas de farinha, estrutura de casa, cumieiras etc. A cera extraída da folha também é bastante procurada.

carrapicho

Planta em arbusto cuja fibra é utilizada para fazer rede de dormir, cordas e outros artefatos.

carriel
lançadeira

Peça usada no tear, que recebe a caneleira/ carretel preenchida com o fio. A lançadeira contém o tem o formato semelhante a uma canoa para facilitar seu arremesso. Ela é jogada entre os fios da urdidura estendidos no tear durante o tecimento das redes de dormir.

casquinho

Embarcação pequena, típica do Maranhão, presente em todo o litoral e usada na pesca e no transporte de passageiros até embarcações maiores afastadas do cais. ANDRÉS, Luiz Phelipe. Embarcações do Maranhão. 1998

cazumba

Figura da brincadeira do Bumba Meu Boi de sotaque da Baixada. É uma personagem entre jocosa e assustadora, que tem comportamento variado conforme a região: corre atrás das pessoas e animais, carrega ou subtrai o mourão da morte do boi, inventa uma cantoria de tambor de crioula em meio a apresentação do boi, arremeda as rezadeiras nas ladainhas para morte do boi, faz todo tipo de algazarra e também pode aparecer nos arraiais bem enfileiradas com batas talhadas e bordadas. Costuma usar como farda uma veste larga e de manga longa, usa um cofo amarrado na cintura sobre os quadris que serve para guardar objetos pessoais e dar molejo a sua performance. Usa variados tipos de máscara, desde as mais simples de borracha também usadas pelos fofões, outras com queixo de madeira representando animais ou criaturas fantasmagóricas e, dependendo da cidade ou turma, grandes adereços acima do queixo conhecidos como torre/ coroa/ igreja/ placa.

chamató

Tamanco rústico que facilita o trânsito em areal ou lamaçal, outrora bastante utilizado no Maranhão principalmente por vaqueiros. Também é utilizado em algumas danças.

chamote

Pedaços de cerâmica triturados no pilão e peneirados para acrescentar ao barro como desengordurante de forma a dar firmeza e evitar rachadura, bolhas de ar e outras problemas na queima das peças.

chincha para arreio
cilha para arreio, sia para arreio

Cinta larga que passa pela barriga do animal de sela ou carga, serve para apertar os arreios. Também chamada de cilha e sia

chincho
caranã, fiampo, piaçava de babaçu, barbante de babaçu

Fibra retirada da capemba do palmito do babaçu. Utilizada como barbante e na produção de vassouras. A extração do é feita quando a capemba já está em decomposição. Também chamado de caranã, fiampo/ fiapo de babaçu, piaçava de babaçu, barbante de babaçu

choque
currú, socó, quengo, quixó

Armadilha de pesca para águas rasas ou campos alagados, confeccionada com diversos materiais, com destaque para as talas de marajá e as varas de espinho papaterra (tapa cabaça). Muito utilizado na Baixada Maranhense para pesca no campo, quando as águas baixam. De acordo com a região pode ser chamada de currú, socó, quengo ou quixó

cinto de nó

É uma fita de macramê, feita com os fio de linho de buriti e mais utilizada como alça para bolsas

cipó

No artesanato maranhense o termo cipó é usado tanto para as plantas trepadeiras presentes em muitas árvores como para alguns arbustos (como a sábia/ unha de gato) e até para extremidades de galhos de árvores bem finos. Há uma grande variedade utilizada pelos artesãos como madeira, como arco em armadilhas de pesca, peneiras, quibanes; como amarração e até como elemento decorativo em arranjos. Já foram registrados mais de 90 tipos de cipó nesta plataforma.

cofo

Cesto de natureza utilitária produzido com vários tissumes (tramas) com a palha de diferentes palmeiras, dependendo da região onde é feito, sendo a do babaçu a mais utilizada. A trama mais comum é a 2 por 2, feita em todas as regiões. O cofo é um dos objetos mais típicos da cultura material do Maranhão, é usado para uma série de atividades de guarda, de serviço e de transporte de grãos, farinhas, animais, pescados, frutas, garrafas, costura, carvão etc. O cofo também serve para facilitar atividades como o choco das galinhas, a colheita de produtos na roça, o acondicionamento de produtos da pesca, a disposição de plantas no jirau, o plantio de espécies de pequeno porte e até para conferir o rebolado ao personagem Cazumba nas brincadeiras de Bumba Boi. Dentre os diversos tipos de cofo destacam-se o de alqueire, de meio alqueire, de uma quarta, de duas arrobas, paracafú, escasso/ sem ter boca, jereré, guandá/ pacará, boca de jacaré, ninho/ linho de galinha ou cofa, raso, de quatro talas, ninho de andiroba, cofo de segredo, cofo mala, cofo balaio, cofo balaio de quatro cantos, cofinho de misturado/ ladrão, moisés, verde, ninho de japí, de arco. O tamanho do cofo costuma ser indicado pela medida em palmos do talo da folha/ palha usada na sua confecção, pela medida da abertura da boca ou pela circunferência da boca da peça. GONÇALVES, Jandir, FIGUEIREDO, Wilmara e LIMA, Weeslem. Cofo. Tramas e segredos. S. Luís. Comissão Maranhense de Folclore, 2009.

cofo boca de jacaré

Cesto destinado à guarda e transporte de uma ou duas garrafas/ litros (de cachaça, mel, azeite, querosene etc.) ou ainda de caiambucas (cabaças para transporte de água de beber).

cofo de alqueire

Cesto com capacidade respectivamente de 30 kg de farinha d’água ou outro produto a ser guardado ou transportado. Também chamado de paneiro.

cofo de arco

Cesto utilizado para transporte e exposição para venda de galinhas, patos, marrecas, catraios e perus em mercados públicos. Corresponde ao cofo de duas arrobas, são acrescentados arcos de jeniparana ou outro cipó com a finalidade de manter a boca do cofo aberta e recoberta com rede de embira.

cofo de meia quarta

Cesto com capacidade respectivamente de 3,7 kg de farinha d’água ou outro produto a ser guardado ou transportado.

cofo de meio alqueire

Cesto com capacidade respectivamente de 15 kg de farinha d’água ou outro produto a ser guardado ou transportado.

cofo de misturado
cofo ladrão

Cesto que se assemelha a uma miniatura do cofo raso, usado para expor peixes e camarões da água doce em pequenos mercados. Também chamado de cofo ladrão

cofo de prensa

Cofo usado nas casas de farinha para tirar a manicuera da massa. Semelhante ao cofo de alqueire.

cofo de quarta

Cesto com capacidade respectivamente de 7,5 kg de farinha d’água ou outro produto a ser guardado ou transportado.

cofo de segredo

Pequeno cofo, geralmente com três pontas (podendo chegar a cinco), totalmente lacrado. É feito em diversos tamanhos para receber uma surpresa em seu interior: um ovo, dinheiro, bombom, uma carta. Costuma ser presenteado com uma emenda/ amêndoa de babaçu. No passado era também doado e leiloado em festas de santos. Também tem função decorativa e pode compor cortinas, painéis, divisórias, colares, brincos.

cofo escasso
sem ter boca

Cesto feito sob medida para guardar e transportar mercadorias. Para abri-lo é necessário cortar a palha, sendo descartado após o uso. Também chamado de cofo sem ter boca

cofo grajaú

Cesto para guarda e transporte provisões e implementos, comum entre os povos como os Krikati e os Canela. É confeccionado em vários tamanhos com duas folhas do buritizeiro, apresenta alça da palha em trançado fino, que é usada na testa. O bojo do cofo recai sobre a nuca quando em uso.

cofo guandá
pacará, turá, tiracó, tiracolo

Cesto que corresponde ao cofo de uma quarta e recebe alça para ser usado como bandoleira ou amarrado na cintura. Este cofo é utilizado nas pescarias e, principalmente, nas colheitas de arroz, feijão, quiabo, maxixe.

cofo jereré

Cofo com pequena abertura contendo iscas e encabado com varas. É utilizado para a pesca de camarão ou pequenos peixes às margens de rios.

cofo pêra

Cesto pequeno confeccionado de improviso com a folha de uma palmeira (em geral juçara/ açaí) quando se está na mata e há necessidade carregar peixe, frutos ou uma caça. Lembra um jamaxim, pois tem alças para levar nas costas.

cofo raso

Cofo baixo, com cerca de um palmo e meio de altura. É muito utilizado para guarda e exposição de peixe e camarão secos, podendo ter muitos outros usos.

cofo sem ter trança

Cofo tecido sem a trança, de pequeno tamanho, pois não sustenta peso.

cofo uruaçú
de conta, de duas arrobas

Cesto feito em geral com o trançado dois por dois (duas folhas por cima e por baixo de duas). Bastante empregado no litoral ocidental maranhense para acondicionar e transportar peixes salpresados e camarões secos.

cofo urupano
urupambo, arapuango

Cesto com trançado dois por dois (duas palhas por cima e por baixo de duas) em que o padrão espinha de peixe é executado na vertical. O nome refere-se ao tipo de trama.

cofo urupí

Cesto com trançado de uma palha por cima de uma de modo a ficar crivado/ vazado, tendo por finalidade transportar pequenos animais, lavar sururu ou frutas, acondicionar produtos que precisem de aeração, a exemplo do camarão seco. O nome refere-se ao tipo de trama.

cofo urupuá

Cesto com trançado 3 por 3, 4 por 4 ou 5 por 5. O nome refere-se ao tipo de trama.

coito

Medida pouco menor que um palma. Com o palmo estendido, termina no osso da base do dedinho (e não na ponta do dedo como no caso do palmo).

colada

Saca confeccionada com tranças de palha da carnaubeira em vários tamanhos, usada para acondicionar principalmente grãos como arroz e feijão. Ainda presente em municípios das regiões dos Lençóis Maranhenses e Delta do Parnaíba.

crescido

Medida usada para o tamanho das tarrafas de pesca, cada crescido indica um aumento no diâmetro da tarrafa.

cuíca

Termo utilizado em algumas regiões para designar a cabaça coberta de malha de contas, sementes ou peças de bambu. Instrumento musical utilizado em cerimônias religiosas.

cuipeua

Pedaço de cuia em diferentes formatos utilizado pelas louceiras para dar acabamento na louça

currulepo
escurrulepo

sandália de couro usada por homens e mulheres

dorna

Tipo de barril de madeira para armazenar bebida alcoólica.

drava
aldraba, aldrava

Peça que serve para puxar ou bater na porta geralmente feita em metal.

empaneirar

Refere-se ao acondicionamento da farinha (ou outro produto) no paneiro de guarimã para a comercialização e o transporte. O paneiro é forrado com as folhas de guarimã, recebe a farinha, cobre-se com mais folhas e sua boca é amarrada, finalizando o pacote.

enfeito
enfeite

Termo usado na Baixada Maranhense para identificar a indumentária de integrantes do Bumba Boi. Também pode se referir aos canutilhos, paetês, miçangas, gregas e outros materiais utilizados para adornar as indumentárias.

enganzolar

Ato de dobrar os folíolos presos ao talo da folha do babaçú para iniciar a confecção do cofo. Também se refere ao ato de entrançar duas folhas para dar início ao cofo.

entralhe
entralho

Serviço de montagem da rede de pesca ou tarrafa, acrescentando os tensos, as cordas e a chumbada.

envira
embira, imbira

Cordão/ cordinha/ barbante feito com a entrecasca de diversas árvores, da folha de algumas palmeiras, da caçamba do coco babaçu, da folha da bananeira ou de plantas como o agave que dá origem ao sisal. Seu uso mais recorrente é para a amarração: de cofos, de armadilhas de pesca, da estrutura de casas de taipa, de cobertura de casas com folhas de babaçu e outras, da carcaça do boi (do Bumba meu Boi), boca de saco etc. O nome das enviras em geral remete à árvore ou planta de onde foi extraída ou a alguma característica delas como preta, cheirosa, vermelha. Em alguns lugares o termo envira é quase sinônimo de barbante, utilizado para se referir a qualquer fio de amarração, até mesmo os fios de material plástico. Para dar firmeza à amarração, evitando que escorregue, costuma-se passar cera de abelha na envira.

espinhel

Armadilha de pesca com variações para água salgada e doce, constituída por uma corda de onde pendem diversos cordéis/ cordão de nylon com um anzol na ponta.

estalar

Ato de quebrar a palha (babaçu), dobrando cada folículo, primeira etapa de seu preparo para fins diversos como a produção de cofos, a cobertura de casas ou ramadas.

estrovado

O mesmo que costurado/ ou reforçado na borda/ beiço com costura (de fio de envira ou nylon) para aumentar a resistência. O procedimento pode envolver também o acréscimo de uma palha colocada ao longo da borda. Termo usado em geral para o cofo, mas também aparece para outros cestos.

feição

Termo usado para indicar o que está representado no queixo/ máscara de Cazumba. Exemplos: feição de cachorro, jacaré, onça, macaco.

fio da Bahia

O mesmo que fio de algodão, utilizado na produção de redes de dormir e artefatos de pesca como o landruá.

flecha

O mesmo que tala. Termo usado para a tira de diversas larguras extraída do talo de guarimã, de buriti, de marajá e outras plantas quando lavrada/ limpa para utilizar em trançados, cestaria, peneiras, armadilhas de pesca.

gamela

Recipiente feito em madeira em vários tamanhos, utilizado para fins diversos como temperar carne/ vinha d’alho, guardar frutas, servir comida para animais. Recentemente passou-se a produzir gamelas com pneus reutilizados, que servem para alimentar ou botar água para animais, armazenar água de uso comum ou botar roupa para lavar.

garajau

Cesto para carregar carga no animal, usado em par, geralmente feito com cipó, cumprindo as mesmas funções do jacá ou do caçuá.

guardanapo

Termo utilizado para designar todo tipo de toalha de pequena dimensão, usada como jogo americano, em bandeja, em estante, em mesinha etc.

guarimã

Planta encontrada em alagadiços, nos baixos e nos brejos. A casca do troco/ tala é usada na confecção de trançados como cestos, peneiras, balaios/ quibanes, tapitis, malas, canastras e objetos de decoração (jarros, garrafas et). Os tipos mais encontrados no Maranhão são: guarimã inté (mais baixa, mais macia, boa para balaio), guarimã-açu ou tiba (é a maior de todas, utilizada para fazer tapiti, não serve para peneira pois solta farpa), guarimã-mirim (é considerada a mais resistente e não solta farpa, por isso é usada nas peneiras) e guarimã jacundá, que tem a folha pintada (usada em paneiros e outros trançados). Para fazer peças grandes, na limpeza das talas é extraída somente a primeira tripa ou bucho/ fato. Para peças menores e mais delicadas são extraídas a primeira e a segunda tripas, de modo que a tala possa ser mais fina e maleável.

iate

É a maior das embarcações artesanais feitas no Maranhão e executada em poucos estaleiros, concentrados em Cururupu. Atualmente é usada principalmente para transporte de passageiros, presente em todo o litoral maranhense. ANDRÉS, Luiz Phelipe. Embarcações do Maranhão. 1998

igarité

Embarcação maranhense com vela quadrada de pontas agudas, encontrada na região do golfão e no litoral ocidental. Assemelha-se à biana, mas é maior e menos frequente. ANDRÉS, Luiz Phelipe. Embarcações do Maranhão. 1998

jacá

Cesto em formato retangular feito geralmente com tala de taboca ou bambu. Costuma ser usado em par para transporte de carga no animal ou em tamanho grande para transportar pão. Pode ser raso ou ter outros usos de armazenamento.

jamaxim
jamaxi, jamanxim

Cesto cargueiro de três lados com alça para envolver a testa ou os ombros. Costuma ser usado para transporte de objetos pessoais como rede de dormir, roupas ou produtos das roças.

jipé
urupí

Tipo de trançado/ tissume simples, um por um (uma palha por cima de uma), presente na cestaria. Por ser mais vazado é utilizado principalmente em produtos que precisam de ventilação, como peixe e camarão secos. Também usado para lavar sururu, sarnambi e outros mariscos. Neste trançado, também chamado de urupí, são confeccionado ainda os abanos para espantar olho gordo de quintais, roças e comércios. Muitos não gostam de fazer este tipo de trançado com receio de ter má sorte.

juquira

Limpeza, principalmente de roça, após queimada.

jutaicica

Resina do jatobá da mata/ jutaí, usada para impermeabilizar a louça (tigelas, travessas e alguidares). Ela não é utilizada nas peças que vão direto ao fogo (panelas, assadeiras) e nem naqueles que são recipientes de água (pote, bilha, moringa). A resina é aquecida e passada nas peças ainda quentes, recém saídas da queima a céu aberto, para que possa aderir ao barro. É um material difícil de encontrar.

lançadeira
carriel

Peça usada no tear, que recebe a caneleira/ carretel preenchida com o fio. A lançadeira tem o formato semelhante a uma canoa para facilitar seu arremesso. Ela é jogada entre os fios da urdidura estendidos no tear durante o tecimento das redes de dormir. Também é conhecida como carriel

landruá
landuá, jiraca, sacurí, puçá

Armadilha de pesca em rio ou beira de mar constituída por um arco de madeira ou cipó vergada (cozimento e conformação) onde é amarrado um pano de malha de fio de algodão feito com agulha de rede de pesca. Pode ser feita para uma ou duas pessoas, também possui a versão meio arco/ meia lua. É utilizada também para fazer a despesca do curral de pesca. A variação com pano mais comprido e mais estreito no fundo costuma ser chamada de puçá. Essa armadilha é bastante utilizada por mulheres

lata

Termo utilizado para indicar a capacidade e tamanho de potes, cumbucas, cestos. Refere-se à antiga lata de querosene, que corresponde hoje a uma lata de tinta de 18 litros.

linheira

Termo usado para a madeira do tronco de árvores que se apresenta fino e bem reto, sem anéis ou nódulos, sendo adequado para a armação de urupemas (peneiras quadradas), para as armadilhas de pesca e outros artefatos. As mais utilizadas são a flecheira, a gema de ovo, a murta, a pé de galinha, a atiriba, a garapuca, o taquarí.

linho

Fibra extraída da folha do buriti ou carnaúba. Produz uma palha macia e flexível, bastante apropriada para tecelagem fina (batimento ou carreira), crochê ou macramé. Também utilizada para vassourinhas de mesa.

lombo do boi
Couro do boi

Cobertura final da armação do boi (da brincadeira do Bumba Boi) que costuma ser bordada, pintada ou ornamentada

loreão
zunidor

Brinquedo que produz som rouco semelhante ao do roque-roque quando é girado segurando-se a ponta do fio. É feito com um pedaço comprido de madeira com um furo em uma das extremidades e um fio/cordel na outra.

machada

Tipo de machado com a lâmina larga (10 cm ou mais). Utilizado para derrubar a madeira e também pelas quebradeiras de coco babaçu, permite que duas utilizem ao mesmo tempo.

madeira ocada

Tronco de árvore já caída e encontrado sem o âmago. Usado para confecção de tambores e pilões, facilitando o trabalho de entalhe.

malha

Medida usada na tecelagem das redes de pesca para indicar o tamanho da trama, suas diferentes larguras, dependendo do tipo de peixe a que se quer pescar.

mamucabo
cinto

Parte das redes de dormir que fixa os cadilhos aos punhos. Na região dos Lençóis Maranhenses e Delta do Parnaíba o termo refere-se também à cinta/ tira (2 a 3 cm de largura) tecida com o linho do buriti (tecelagem batido) e utilizada para alças ou acabamento de bolsas, sacolas, chapéus e sandálias.

mará

Vara longa com a qual os barqueiros movimentam canoas grandes em águas rasas.

marajá

Palmeira de tronco fino que cresce em alagadiços, no baixão e em beira de rios. É dura, resistente e bastante utilizada na confecção de armadilhas de pesca como o choque e a gaiola.

mastaréu

Bandeira de santo que encima os mastros de festejos populares.

medonho

Imenso, muito grande. Termo de uso corrente no litoral ocidental do Maranhão.

mensaba
mansaba, meansaba, meensaba, esteira

Esteira trançada com a palha do babaçu e utilizada de diversas formas. Já foi bastante usada como porta das casas simples. A variação em menor tamanho, chamada meia mensaba, era utilizada como janela. Continua sendo utilizada para descanso; proteger canoas do sol; proteger frutas em mastros de festa de santo; cortar carne em festas de mesa; compor canteiro e jirau das casas; secar camarão, peixe, arroz e outros gêneros; em curral de pesca e na tapagem; como ramada/ latada (cobertura para sombrear locais de festa) etc. É produzida em todas as regiões do Maranhão. Recebe variada denominação: meensaba, meansaba, mansaba ou simplesmente esteira.

milagre
aleijo, ex-voto

Peça confeccionada para pagar promessa ao santo, geralmente esculpida em madeira ou cera, representando a parte do corpo que estava doente e foi curada, os votos também são feitos para animais, casa, terreno etc. Também conhecida como ex-voto, aleijo, peça de promessa

miolo
espírito, alma, tripa

Refere-se à pessoa que brinca embaixo da carcaça do boi na brincadeira do Bumba Meu Boi.

mocó

Bolsa de uso masculino confeccionada com palha de buriti pelo povo Ramkokamekrá Canela. O termo também denomina o tipo de calçado de couro usado por vaqueiros.

montaria

Termo utilizado na região do Litoral Ocidental para a canoa de uso cotidiano

murrão
tira, rolo

Rolinho de barro usado para a confecção das peças de cerâmica na técnica conhecida como acordelado.

muruada

Armadilha de pesca formada por uma rede estendida, presa a mourões fincados no solo e colocada em diagonal nas águas do rio ou no mar.

mururu

Planta aquática comum em rios e lagos, pode ser considerada uma praga intermitente quando toma o leito do rio dificultando a navegação e a pesca.

muzuá
munzuá, manzuá, jiquí, matapí

Armadilha de pesca, feita com varas de cipó ou talo de babaçu, costuma ser amarrada em pequenos mourões fincados no solo. A despesca é feita no horário de maré seca. Também conhecida como munzuá, manzuá, jiquí e matapí

óleo de carrapato

Óleo de mamona, utilizado para diversas finalidades: para temperar o ferro forjado, como purgante, para silenciar as cantadeiras dos carros de boi e outros.

paéte
paetê

Ornamento redondo como uma lentilha e furado no meio, muito utilizado nos bordados das indumentárias do Bumba Boi.

palaçadeira

Saiote bordado em canutilho e miçangas, usado pelas índias do Bumba Meu Boi em Penalva.

palha do olho
olho da palha

Termo usado para a folha nova palmeira, quando ainda está fechada, situada no olho da palmeira. É a palha escolhida para a cestaria, por ser mais maleável. Alguns chamam de olho da palha.

palha riscada

Técnica de corte da palha em tiras estreitas para confeccionar trançados mais firmes, usados principalmente em chapéus.

palmiteira
capoteira, pindoba

Designação da palmeira do babaçu quando ela ainda não produziu cachos de coco. Costuma ser utilizada para retirada do palmito para alimentar o gado. Também conhecida como capoteira ou pindoba

palmo

Medida bastante usada para a cestaria. A quantidade de palmos refere-se à circunferência da borda (que equivale à altura do olho da palha em pé). O diâmetro de um cesto é a metade da circunferência/ da altura do olho. Um palmo masculino tem cerca de 20 centímetros.

panacú
panaco, panacum, cofa, morcego, balaio de parida

Tipo de cofo/cesto produzido com palha do babaçu e utilizado para a galinha botar ovos, chocar ou agasalhar-se com os pintinhos durante a noite.

paneiro
cofo paneiro, cofo de alqueire

Cesto de palha do babaçu que acondiciona cerca de trinta quilos de farinha. O termo também é usado para o cesto feito com tala de guarimã com a mesma finalidade de guarda e transporte de farinha. Muitos artesãos medem o tamanho do paneiro pela quantidade de olhos da trama presentes no fundo da peça ou na altura.

paracafú

Tipo de cofo/ cesto comum na região dos Lençóis Maranhenses e Delta do Parnaíba, utilizado para transporte de objetos pessoais e instrumentos de trabalho dos pescadores. Em alguns municípios é denominado canastra.

parelha de tambor

Conjunto formado pelos três tambores usados no Tambor de Crioula, conhecidos por tambor grande, meião e crivador/ quiribador/ pererenga. Os tambores são feitos com madeira (em geral encontrada na mata já ocada) ou cano PVC (mais recentemente) e cobertos com couro de boi. O termo também é utilizado para o conjunto de tambores usados no Tambor de Mina, denominados tambor da mata, tambor guia e tambor contra guia, estes dois últimos também chamados de abatás.

peixe preto
peixe branco, peixe de couro

Os termos referem-se à qualidade do peixe na Baixada Maranhense. Por exemplo: traíra, tamatá, jejú e acará são considerados peixes pretos; surubim, bagre e bagrinho são peixes de couro e curimatá, aracú são peixes brancos. Os peixes brancos alcançam maior valor de venda.

peúba
pente de macaco

Madeira leve e porosa, também conhecida como pau balsa, é fácil de ser esculpida. Também conhecida como pente de macaco

pôncio
ponteira

Ponteira/ ponteiro utilizado por pedreiros para escavar, perfurar pedras, concretos

puba

É o mole, macio da mandioca depois de posta na água ou enterrada em área úmida/ lama para amolecer e fermentar. Da puba se faz um tipo específico de farinha.

queixo de cazumba

O queixo é parte da careta do Cazumba – personagem do Bumba Boi de sotaque da Baixada – usada para cobrir o rosto. Atualmente apresenta-se de variadas formas e materiais (madeira, tecido, pelego, astracã, papel brilhante, metaloide, isopor, cipó e materiais aproveitados como capacete de motoqueiro, panela) dependendo da região. A maioria é feita em madeira ou isopor entalhado, representando feições de animais ou seres fantasmagóricos, sendo complementada por cabeleira/ peruca em material metálico, pelúcia, lã ou crina. Alguns usam máscaras industrializadas, mais presentes no Carnaval. Antigamente, em algumas regiões, era bastante rústico, um pedaço de couro ou uma folha com buracos para olhos e boca. Depois vieram as máscaras de pano, costuradas de maneira também rústica pelos próprios cazumbas e que pouco a pouco foram ganhando ornamentos.

quibane
quibano, cubano, balaio de ventejar

Peça com mesmo formato de uma peneira, mas com a trama totalmente fechada. Utilizado para ventejar (separar palha e sujeiras) arroz, feijão, milho ou farinha. Geralmente é trançado com talas de guarimã ou de buriti, mais raramente com as de babaçu. Pode ser feito com diferentes tissumes/ tramas, também com mistura de materiais ou cores do mesmo material com finalidade ornamental. A beleza da trama faz com que muitos encomendem a peça em pequena dimensão para uso como enfeite.

rede de tucum

Termo genérico usado na região do Baixo Parnaíba maranhense para designar redes de dormir confeccionadas com diversos materiais além do próprio tucum, a exemplo da carnaúba, carrapicho, retalho de tecido etc.

resingueiro

Termo usado para designar o pandeirista no boi de zabumba (Bumba Boi), também usado para designar o próprio pandeiro.

roladeira

Tipo mais comum de bainha de faca ou facão, recebe essa denominação porque quando transportado na cintura fica balançando, diferente da bainha asa de morcego/ talabarda que, por receber duas pequenas asas, mantem-se firme mesmo com o movimento do usuário.

rudaque

Saiote bordado com canutilhos e miçangas usado pelos bailantes do bumba boi de pandeiro/ costa de mão.

saca

Cesto de palha de carnaúba, recebe a denominação por sua semelhança com um saco. Bastante utilizado no passado para a guarda da colheita do arroz, mas hoje quase em desuso. Existem duas variações em menores tamanhos, a colada em igual formato, tendo as bordas viradas e a saca de parede, ainda menor, que é utilizada para guardar objetos pessoais e costuma ficar pendurada na parede. São peças bonitas que atualmente podem ter outros usos na casa.

sangra
língua, filho

Parte de algumas armadilhas de pesca por onde o peixe entra e não consegue sair, também chamada de língua ou filho. Geralmente é feita de lâminas flexíveis de bambu ou flecha. Está presente no munzuá e na gaiola de pesca.

sarilho

Artefato utilizado na tecelagem, consta de um cilindro móvel onde são enrolados os fios para a produção das meadas.

sarrapilho

Material utilizado na confecção de sacos de armazenamento, também chamado de ráfia ou nylon

serão

Paneiro/ cesto reforçado utilizado principalmente para transporte. Em geral confeccionado com guarimã.

sucubé
grajau

Espécie de viveiro para iscas vivas, como camarões e pequenos peixes, usado em pescarias com espinhel nas águas salgadas. O sucubé tem o formato de uma mini embarcação e é atado ao barco, permanecendo na água durante toda a pescaria. É considerado um cofo, embora seja confeccionado com guarimã. Também chamado de grajau

tala
flecha

Tala é o termo usado para a tira de diversas larguras extraída da casca do talo de guarimã, de buriti e de outras plantas, que é lavrada/ limpa (retirado qualquer resquício da polpa/ bucho/ tripa) e cortada para ser utilizado em trançados, cestaria, peneiras, armadilhas de pesca. Também é chamada de flecha. No caso da madeira do marajá, o termo tala refere-se a uma lâmina rígida cortada do tronco e usada na confecção do choque para pescar.

talabardo
talabarda, asa de morcego

Tipo de bainha de facão usada por vaqueiros, com alça longa e correia, pode ser usada na cintura ou a tiracolo. Seu formato com duas pequenas asas na parte superior, próximo ao cinto, mantém o facão firme no lugar mesmo com o movimento do usuário. Também conhecida como asa de morcego

talo
pecíolo, braço

Parte da folha do buriti, da carnaúba, do babaçu ou de qualquer outra palmeira que faz sua união com o tronco. Bastante utilizado no artesanato, tanto com casca como descascado. É o mesmo que pecíolo, braço. Há também o talo da folha, que é mais fino e também muito utilizado.

tamborete
mocho, banquinho

O termo é usado para denominar tanto o tambor quanto o banquinho. O tamborete instrumento musical, também chamado de tamboreto, é pequeno, de madeira e percutido com duas baquetas/ vaquetas ou com a mão esquerda e uma baqueta na direita. Tem uma alça para ser usado a tiracolo pelas turmas de boiada (Bumba Boi) principalmente em Monção, Cajari, Santa Inês e Pindaré Mirim. Tamborete também é uma da variações para usadas para denominar o banquinho de madeira, também chamado mocho.

tanisa

Tipo de amarradilho/ amarração da parte inferior do choque/ socó, que dá firmeza à peça.

taquipé
itaquipé, caripé, cariapé

Árvore cuja casca é queimada, transformada em cinza, peneirada e então acrescentada ao barro como tempero/ antiplástico/ desengordurante para fortalecê-lo, antes de iniciar a confecção de uma peça. O ajuste correto entre a quantidade de barro e de taquipé evita que a peça apresente rachaduras e outros defeitos na queima.

telia
tela

Peça retangular de linho de buriti tecida no tear em formato de moldura com pregos e bordada (labirinto) com desenhos. É usada como toalhinha, jogo americano, toalhas grandes (quando emendada), na decoração de bolsas. É produzida principalmente em Tutóia e Paulino Neves.

terno de baiante
bailante

Termo utilizado na Baixada Maranhense para a indumentária do bailante do Bumba Boi, composta por tanga/ saiota e guarda-peito/ peitoral ou colete – em alguns lugares o guarda-peito diz respeito à parte da frente (de terminação ovalada) e a parte de trás é chamada capa (de terminação quadrada).

tipiti
tapiti

Cesto longo em formato cilíndrico, flexível e extensível, confeccionado geralmente em guarimã, também encontrado em talas de buriti ou titarra e, recentemente, em fitas de arquear. O tapiti, de origem indígena, é um apetrecho das casas de farinha, utilizado para espremer a massa da mandioca, retirando toda a água antes de peneirar e colocar no forno. Atualmente também é procurado para uso ornamental.

tissume

Trama, tipo de trançado.

titarra
titara, jacitera, quitarra

Palmeira com espinhos nas folhas e no caule, encontrada nas beiras de rios e lagos. Sua tala é utilizada em amarrações de peças como quibane, mala de guarimã, balaio, canastras. Em alguns locais é usada para trançar tapiti ou tecer cestos.

torre de cazumba
igreja, coroa de cazumba

Peça usada acima da cabeça do Cazumba, personagem do Bumba Boi de sotaque da Baixada. É fixada ao queixo e ao chapéu para compor a careta/ máscara. Em geral é alta e bastante ornamentada com uma série de produtos como festão e outros ornamentos brilhosos, material metalizado, bonecas, estampas de santos, papel holográfico e outros. Muitas são esculpidas em isopor, pintadas e enfeitadas, chegando a ter dois metros de altura. Outras são compostas por uma estrutura de vergalhão fino ou cipó, recoberta de ornamentos ou embalagens brilhantes.

tupé

Tipo de tissume/ trama utilizado na confecção de paneiro/ cesto de guarimã. Também usado como uma espécie de esteira

urirí

Palmeira cujo talo é utilizado para fazer manzuá e outros artefatos.

urupema
arupemba

Peneira quadrada ou retangular produzida com talas de guarimã ou de buriti, atada nos quatro lados a varas de madeira linheira. É usada para peneirar a massa da farinha quando sai do tapiti. Geralmente confeccionada no tamanho da largura do cocho que recebe a farinha. Também chamada de arupemba

varanda de rede

Barrado ornamental acrescentado à rede de dormir, em geral confeccionada em crochê, macramê ou renda de bilro. A chamada varanda de parede é tecida em macramê com suas extremidades presas à parede. Em algumas regiões é feita uma grade na almofada de bilro, depois preenchida com bordado labirinto formando desenhos

ventejar
cangular

Ato de sacudir o balaio para retirar a palha ou sujeiras (cascas, pedras, grãos defeituosos e outras) do arroz, do feijão ou da farinha. É o mesmo que cangular (coagular), concentrar ao meio do quibane.

voga

Espécie de remo com a em formato bojudo, que pode ter cabo longo – para ser usado aos pares, com os remadores postados de costas para a proa da embarcação – ou cabo curto, utilizado por apenas um remador. Quando usada em par ou trio costuma ser apoiada no tolete presente na borda da canoa. É responsável por dar velocidade à embarcação, enquanto o remo a governa.

zitinho
zinho

De tamanho reduzido, pequeno, miniatura. Termo usado na região do Carú.