Artesanato do Maranhão

O Mapearte

O projeto Mapearte dedica-se a identificar os artesãos em atividade no Maranhão, que produzem regularmente para venda ou que podem atender a encomendas. Iniciado em 2017, a primeira etapa percorreu mais de 2 mil povoados e mapeou 4.740 artesãos, em 1.310 povoados situados em 91 municípios maranhenses.

O mapeamento aqui disponibilizado é inédito no país, ao promover um rastreamento dos interiores - próximos ou longínquos, onde costumávamos ouvir que nada havia a ser registrado. Ele nos mostra que, em maior ou menor quantidade, todos os municípios possuem artesãos e que essa é a atividade cultural de maior presença no Maranhão e, possivelmente, no território brasileiro. 

Este portal, mais que um site, é um sistema de informações, com várias ferramentas de busca (veja a busca avançada disponível em artesãos, povoados e cidades), gráficos e georreferenciamento de localidades. Além disso, traz textos curatoriais e um glossário inéditos. O conteúdo aqui disponibilizado é valioso para quem quer encomendar produtos (sobretudo lojistas), assim como para quem deseja conhecer os artesãos, a cultura e as paisagens do interior maranhense, ainda tão desconhecidos e que guardam uma riqueza enorme.

As informações aqui reunidas são de grande importância também para o desenvolvimento de ações consistentes de fomento e políticas de incentivo ao artesanato, tão necessárias para que ele continue a ser gerador de renda para muitos brasileiros e brasileiras e para que esse patrimônio cultural seja preservado, já que vem desaparecendo rapidamente em muitos lugares.

Metodologia

O Mapearte desenvolveu sua própria metodologia de mapeamento, que combina pesquisa prévia, contatos locais e varredura do território em busca dos artesãos. Após o estabelecimento dos parâmetros metodológicos, foi iniciada a pesquisa de campo, que perdurou até março de 2020, quando foi interrompida pela pandemia.

A quantidade de artesãos encontrada na primeira etapa superou largamente a expectativa inicial, gerando tal volume de informações (mais de 23 mil registros de produtos) e imagens (190 mil), que demandou uma revisão da estratégia de compartilhamento com o público, buscando a melhor forma de promover, dar visibilidade e gerar oportunidades para os artesãos.

O portal Artesanato do Maranhão é o resultado desse trabalho de tratamento das informações e imagens e de elaboração da forma de disponibiliza-las. 

Destacando cada artesão 

Entendemos o artesão como criador, que reflete os conhecimentos, os costumes, os usos presentes em seu lugar e que tanto preserva tradições, como as recria de maneira muito pessoal, inventiva ou artística, mesmo nas peças utilitárias. Dentre os artesãos registrados, muitos podem ser considerados artistas populares, por alcançarem uma expressão individual marcante, outros tantos deixam sua marca no modo de confeccionar as peças ou no grande domínio de uma determinada técnica e por isso são considerados mestres. 

Para cada artesão registrado, há uma página neste portal e ela pode receber novas informações e imagens a qualquer tempo, de maneira muito fácil. O portal foi pensado como uma vitrine para o artesão, que funcione para a divulgação de seu o trabalho e facilite os contatos.

O artesão maranhense possui um vínculo forte com seu território. A grande maioria utiliza materiais extraídos da natureza e processados de diferentes formas, como as inúmeras fibras vegetais, os cipós (mais de 90 tipos), as madeiras (mais de 400), as argilas... A relação com as águas, doces ou salgadas, o conhecimento que possuem sobre elas e sobre a pesca, também representam o elo de muitos com o território. A cultura de cada comunidade e a grande contribuição dos artesãos para as brincadeiras e festejos também apontam para esse vínculo entre os artesãos e seus lugares.

Por todos esses aspectos, que se evidenciaram forte e constantemente ao longo do trabalho, consideramos necessário trazer também os territórios para este portal, mostrar o contexto de produção do artesanato e as paisagens às quais está relacionado.

Foram criadas páginas para cada cidade e para cada povoado, onde registramos artesãos. Muitos povoados são especializados em certo tipo de artesanato, outros reúnem grande quantidade de artesãos, outros ainda são residência de uma especialista ou de um artista... Todas as localidades registradas estão georreferenciadas no mapa para facilitar o acesso, pois em muitos casos não aparecem nos mapas online, tampouco nos oficiais.

Os biomas em que esse artesanato é produzido, predominantemente na Amazônia e, em seguida, no Cerrado, também podem ser identificados nesta plataforma, na busca avançada de cidades. 

No Maranhão, os municípios estão organizados em povoados, por isso os artesãos estão aqui apresentados por povoado, mas podem ser buscados de diversas maneiras: pelo nome, pelo apelido, pelo tipo de produto que fazem, pelo material que utilizam, pela técnica que dominam, pela cidade e pelo povoado.

O artesanato utilitário é predominante no Maranhão e amplamente utilizado pelas comunidades, o que tem sido determinante para a preservação desse patrimônio cultural do país. Isso nos permitiu enxergar o quanto há de conhecimento, habilidade, senso estético e bom design nas peças do cotidiano produzidas pelos artesãos maranhenses. Cestaria, vassouras, panelas, armadilhas de pesca, esteiras são peças não apenas úteis, mas também bonitas e convidam a trazer essa beleza para o nosso convívio diário, fortalecendo a continuidade dessa produção.

Comunidades quilombolas e aldeias indígenas, de modo geral, são produtoras de artesanato de excelente qualidade e preservam muitas tradições e conhecimentos. Para destacar essa característica do artesanato maranhense, no Portal é possível filtrar a produção de ambas, na busca avançada de povoados.

Outra característica marcante do artesanato maranhense é sua relação com a cultura popular, com suas diversas brincadeiras e festejos. Há um universo de criação de peças para o Bumba Meu Boi (indumentárias, instrumentos, o próprio boi...), para as Festas do Divino (bandeiras, indumentárias, altares, caixas...), para o Reisado (indumentárias de palha de buriti, máscaras, bichos...), para o Baile de São Gonçalo, para o Carnaval, a Dança do Coco, as Quadrilhas, a Dança Indígena e outras tantas. É comum que o artesão também seja um brincante, tendo um papel importante para seu grupo...

Pesquisa de campo

Uma pesquisa de campo baseada no rastreamento, na varredura de territórios, muitas vezes de acesso difícil, requer pesquisadores comprometidos com os propósitos do projeto e que tenham interesse (e amor) pela cultura e pelos conhecimentos do povo. Sol forte, chuva, lama, areia, cruzamento de rios e igarapés, atolamentos, garupa de moto, carona em caminhão fizeram parte do cotidiano de trabalho. Junto aos percalços, no entanto, vieram paisagens deslumbrantes, pessoas encantadoras e muito conhecimento adquirido.

Todo tipo de transporte fez parte do cotidiano dos pesquisadores.

A encomenda ou aquisição de produtos foi a maneira de retribuir ao artesão pelo tempo e atenção dispensados aos pesquisadores. As aquisições em campo somam um acervo de mais de três mil peças, que já foi parcialmente exibido em exposições (outras virão) e será doado para instituição de caráter público que possa exibi-lo.

Imagens

As imagens apresentadas neste portal foram realizadas pelos pesquisadores em campo. Inicialmente estava previsto que fotógrafos posteriormente fariam os registros, mas o volume de artesãos e as distâncias percorridas em cada viagem mostraram que seria inviável voltar a todos os lugares e talentos fotográficos foram se revelando na equipe.

As entrevistas concedidas pelos artesãos foram gravadas em vídeo com a finalidade única de dar suporte ao pesquisador na hora de transpor os dados. No entanto, quando surgiram explicações mais detalhadas sobre materiais, técnicas ou outros temas, foram editados trechos para compartilhar, mesmo que a qualidade de som e imagem não sejam as ideais. Quase 200 vídeos de poucos minutos estão disponíveis nas páginas dos artesãos e nos textos dos Destaques do Artesanato Maranhense.

Uma parte muito pequena dos artesãos (3%) preferiu não ser retratada, por diferentes motivos. Nesses casos, foi feito o registro fotográfico das peças (quando havia) ou da casa (quando autorizado). Decidimos manter o registro desses artesãos, mesmo sem imagens, pois são produtores e podem receber encomendas. Temos a expectativa de que imagens venham a ser agregadas, pois é bastante fácil fazer inserções no portal e toda colaboração é bem-vinda.

Sempre que possível para os artesãos, foram encomendadas peças para que se tivesse um registro do trabalho daqueles que não as tinham prontas. Algumas imagens são de peças que estavam em uso e apresentam marcas, mas mostram o tipo de trabalho realizado.

O portal Artesanato do Maranhão

O sistema de informações Shiro, desenvolvido no Brasil, foi customizado para disponibilizar o vasto conteúdo colhido em campo. Ele permite o acesso às informações sobre artesãos, produtos, povoados e cidades e o cruzamento delas em diversas formas de busca e acesso, facilitando o uso para todo tipo de público, além de apresentar gráficos que favorecem a visualização das características do artesanato encontrado no estado, em cada município e em cada povoado.

O portal traz também conteúdos originais, criados especialmente para guiar e incentivar o usuário a descobrir a riqueza do artesanato maranhense. A área Destaques do Artesanato Maranhense e o pequeno glossário que denominamos Termos e Medidas Regionais foram elaborados com esse objetivo.

Consideramos como destaque os tipos de produto que têm uma presença marcante no Maranhão, como armadilhas de pesca, redes de dormir, vassouras... aqueles que têm como material predominante as abundantes e diversas palmeiras que caracterizam a paisagem maranhense... também os produtos singulares, como os carros de boi, peças de alumínio fundido, miniaturas de embarcação ou ainda o artesanato vinculado à cultura popular, em especial o Bumba Meu Boi. Na medida em que o mapeamento vá se completando com a inclusão de novos municípios, outros destaques se revelarão. Nos textos procuramos destacar as singularidades, as técnicas e as variações regionais, compartilhando conhecimento.

Os produtos registrados (mais de 23 mil) foram classificados em 59 tipologias, de acordo com as características do artesanato maranhense. Há uma diversidade impressionante de materiais, mais de 3.600 citados pelos artesãos e 217 técnicas execução foram registradas. O Infográfico, com os vários círculos interconectados, traduz visualmente a quantidade de cada tipologia de produto encontrada até o momento. As linhas que unem os círculos indicam que um determinado produto está classificado em mais de um tipo. O tamanho do círculo mostra a proporção daquele tipo no total. 

O Mapa Dinâmico traz a localização das cidades e povoados já mapeados, situados na paisagem. Na página de cada cidade, consta a localização dos povoados, ela também está na página de cada um deles. Essa informação é de extrema utilidade para o usuário que deseja ir aos lugares (o que recomendamos fortemente). Destacamos que muitos dos povoados não constam em mapas oficiais, as coordenadas foram coletadas pelos pesquisadores e são de grande valia para os deslocamentos. 

Colabore!

Uma pequena parte dos artesãos não foi encontrada em suas casas por ocasião da visita dos pesquisadores, mesmo depois das três tentativas previstas na metodologia.

Para esses casos ou de outros artesãos que passem a residir nos lugares já visitados, temos a expectativa de contar com a colaboração dos usuários, das comunidades, dos gestores públicos e dos próprios artesãos, que podem enviar informações e imagens para que sua página seja atualizada ou para que uma nova página seja criada. 

Para as cidades e povoados, a ajuda de moradores e prefeituras, com o envio de informações e imagens complementares, é muito desejada. Temos o compromisso de estar sempre atualizando e fortalecendo este portal.  

Ganhando o mundo!

Chegou o momento de entregar esse precioso conteúdo ao público, nosso desejo é que chegue a muitos, que estimule compras, encomendas, visitas, convites e todo tipo de oportunidade para os artesãos maranhenses, criadores e preservadores de tradições, donos de grandes habilidades, conhecimentos e talentos!

Temos a expectativa de que artesãos e artesãs que dispuseram de seu tempo para nos receber e explicar sua arte e seu conhecimento fiquem satisfeitos com o resultado e que lhes seja útil!

Reforçamos aqui nosso agradecimento e admiração, saudando cada uma e cada um!

O rosto de cada uma dessas pessoas, captado após a entrevista, mostra alegria ou orgulho do que sabem e do que fazem. É o que há de mais bonito de toda a beleza aqui reunida! 

Paula Porta

Agradecimentos

  • Governador Flávio Dino
  • Murilo Ferreira
  • Zenaldo Oliveira
  • Edgar Rocha
  • Yves Motta
  • Flavia Constant
  • Didi Muniz (Santa Rita, Bacabeira)
  • Walmir Trindade (Pindaré Mirim, Monção)
  • Wenderson Teixeira
  • Fotógrafos que cederam imagens: Walter Firmo, Edgar Rocha, Alexandre Marcio, Clarissa Vieira, Marco Aurélio e Rosana (Arari)

As informações e indicações fornecidas por moradores, agentes culturais, agentes de saúde, lideranças comunitárias, associações, sindicatos rurais, colônias de pescadores, moto-taxistas, barqueiros e agentes públicos foram de grande importância, somos gratos a todes.

Ficha técnica

Concepção, gestão e consolidação de conteúdos 

  • Paula Porta

Consultoria técnica e pesquisa de campo (etapas 1 e 2)

  • Jandir Gonçalves

Pesquisa de campo

  • Sergileide Lima (coordenação de campo)
  • Marcelo Medeiros (coordenação de campo)
  • Ricardo Figueiredo Santos
  • Raiama Portela (etapas 2 e 3)
  • João Marcos Mendonça
  • Bruno David Silva Costa Ferreira (etapas 2 e 3)
  • Roana Gouveia (etapas 2 e 3)
  • Carolina de Souza Martins (etapas 1 e 2)
  • Pablo Monteiro (etapa 2)
  • Gabriela Rodrigues (etapa 2)
  • Leila Figueiredo (etapa 2)
  • Milessa Miranda (etapa 1)
  • Lilian Brito Alves Oliveira (etapa 1)
  • Iderlan Costa (substituto)
  • Israel Araújo (substituto)

Identidade visual e desenhos 

  • Raiama Portela

Edição de vídeo

  • Pablo Monteiro

Trilha sonora dos vídeos 

  • Kadu Galvão e João Eudes

Administrativo-financeiro

  • Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA - Leo Marinho (coordenador)

Desenvolvimento web / Sistema Shiro

  • Plano B

Consultoria para implantação do portal

  • Gabriel Bevilacqua

Realização

  • Porta Projetos

Patrocínio

Vale

Apoio

Governo do Maranhão