Diferentes armadilhas de pesca com estratégias no modo de
pescar inteiramente adaptadas às condições do ambiente pesqueiro, das águas e
aos tipos de peixes que se pretende capturar, retratam pescarias individuais e
coletivas em todo Maranhão. Um diversificado conjunto de pequenas armadilhas é utilizado
pelas gentes do Maranhão que vivem próximo ao salgado, aos rios, aos lagos, às lagoas,
às baixas, aos poções, às croas.
As armadilhas de pesca, com sua grande variedade,
são produzidas em 90% dos municípios já mapeados, por mais de 820 artesãos (20% deles são mulheres).
Essa presença tão relevante faz desse artefato um destaque do artesanato
maranhense.
Algumas regiões concentram maior número de artesãos
da pesca, como a Baixada Maranhense, com seus vastos campos inundáveis, a região
do rio Caru, ao norte; o Baixo Paranaíba, a leste; a região do rio Munim,
próxima à capital e cidades como Turiaçu e Mirinzal. A maior parte dessa
produção é realizada lugares situados na Amazônia e no Cerrado.
A natureza oferece matéria-prima diversa para a produção das armadilhas: madeiras (como o marajá que
tem um tronco fino e é bastante dura), cipós, talos e talas das folhas das
palmeiras, guarimã, fio de algodão... são algumas das mais utilizadas. Há também uma
grande produção de redes e tarrafas de fibra e de fio de nylon.
O cuidado nos acabamentos e a beleza das formas
desses artefatos evidenciam a qualidade do design popular, criações em muitos casos
herdadas das culturas negras e indígenas e mantidas ou transformadas ao longo do tempo.
Muitos artesãos produzem miniaturas das armadilhas de pesca para
uso decorativo.
As armadilhas são produzidas por homens e mulheres,
estas dedicam-se principalmente às peças tecidas com agulhas: redes, tarrafas,
landruás e puçás. É bastante comum ver mulheres e homens tecendo nas portas das
casas ao entardecer.
Choque
O choque - que também é conhecido como socó, currú, quengo ou quixó - é utilizado para pescar no campo inundável, mas
também nos lagos e nos igarapés ou em lugares onde o nível da água não
ultrapasse muito a altura do joelho.
A peça é feita sob medida para o braço
do pescador, mas muitos artesãos produzem um tamanho médio, que pode servir
para o público em geral. O pescador que vai choquear costuma levar um cofinho
de cintura/ cofo de pescaria, onde guarda o resultado da pesca.
O choque pode ser feito com talas de marajá
(por sua dureza é a madeira mais utilizada) ou com varas
de diversas madeiras e cipós (sendo as mais utilizadas: papaterra, pé de
galinha, quina e murta), também foi encontrada peça feita com talas de cano
PVC.
Os arcos internos são feitos de cipó, de madeira vergável no fogo como a
jeniparana/ juruparana ou de metal (aro de ferro ou arame).
Selvo Carvalho (Sevinho) faz choque de marajá ou de vara de murta, também faz matapí de babaçu, puçá para pegar camarão e vareta de tirar muçum. Cajapió (Malhada)
Aldean Costa Silva (Nequinho) usa talas de marajá no choque para pescar no raso, na gaiola para pegar mandi, bagre ou carraú e no manzuá para pegar piranha. Também faz miniaturas dessas peças para decoração. Cajari (Sede)
Aldean Costa Silva (Nequinho) usa talas de marajá no choque para pescar no raso, na gaiola para pegar mandi, bagre ou carraú e no manzuá para pegar piranha. Também faz miniaturas dessas peças para decoração. Cajari (Sede)
Cristino Teixeira Barros faz socó de marajá. Bacurituba (Serejo)
Cristino Teixeira Barros faz socó de marajá. Bacurituba (Serejo)
José Saraiva Barros (Zé Dinô) faz socó de marajá, redes e tarrafas, além de cofo para pescaria. Bacurituba (Macajubal)
Pedro Oliveira Ferreira (Pirrí) faz socó de marajá, tarrafa, agulha de tecer rede de pesca e cofo de amarrar na cintura para pescaria. Bacurituba (Tucum 2)
José Policarpo Costa dos Passos (Zequinha) faz choques de marajá. Cajapió (Boa Vista)
Werbert Martins Cutrim (Preguinho) faz socó de tala de marajá para pegar traíra, tucunaré, tilápia, cara preta. Cajari (Sede)
Werbert Martins Cutrim (Preguinho) preparado para choquear. Cajari (Sede)
Edival Mota Pinheiro faz socó de marajá, matapí de talo de babaçu, tarrafa, rede malhadeira e ainda o cofo para pesca. São João Batista (São José)
Gabriel Mendonça (Gabi) faz tarrafa e choque de marajá para pegar traíra, acará e piranha. Também faz as miniaturas dessas peças. Matinha (Sede)
Raimundo Nonato Sousa Birino (Nenenzinho) faz choque de marajá para pegar traíra, acará, jejú, piranha. Olinda Nova do Maranhão (Itaparica)
Troco do marajá cortado na altura desejada e separado na quantidade para um choque. De cada pedaço se faz 4 a 6 talas. Olinda Nova do Maranhão (Itaparica)
Célio Castro Pinheiro faz choques de marajá, tarrafa e agulha de maçaranduba para tecer tarrafa. São João Batista (Maravilha)
Florisvaldo Maciel Mendes faz choques de vara de papaterra e de tala de marajá, também faz gaiolas e tece rede de pesca e tarrafa. Arari (Moitas)
José Silva Serrão (Zé Camiseta) é especialista no feitio do socó de marajá, de varas de pé de galinha ou de papaterra. Também faz varetas para pegar muçum na lama. Bacurituba (Sede)
Antonio José Pestana de Castro (Zé) faz o socó de talas de marajá e de varas de pé de galinha. Palmeirândia (Vila Nova)
Antonio José Pestana de Castro (Zé) faz o socó de talas de marajá e de varas de pé de galinha. Palmeirândia (Vila Nova)
Choque feito com talas de marajá e arco de cipó por Raimundo Mendes Cardoso (Peteca). Santa Inês (Poção da Juçara)
Raimundo João Chagas Costa (João de Nhá Lu) faz o socó com talas de marajá, arcos de ferro e amarração com fio de nylon. Matinha (Sede)
Luís Berto Costa Sousa (Luís Sousa) é especialista em choque. Utiliza varas de papaterra e arcos de cipó mixila ou de juruparana. Anajatura (Sede)
Luís Berto Costa Sousa (Luís Sousa) é especialista em choque. Utiliza varas de papaterra e arcos de cipó mixila ou de juruparana. Anajatura (Sede)
Luís Berto Costa Sousa (Luís Sousa) é especialista em choque. Utiliza varas de papaterra e arcos de cipó mixila ou de juruparana. Anajatura (Sede)
Arco já vergado para a estrutura do choque. Luís Berto Costa Sousa (Luís Sousa). Anajatura (Sede)
Arco já vergado e descascado para a estrutura do choque. Luís Berto Costa Sousa (Luís Sousa). Anajatura (Sede)
João Nascimento Silva (João de Tomásia) faz choque de vara de papaterra. Arari (Bubasa)
Francisco Carvalho (Chico do Reggae) faz choque de varas de papaterra ou de marajá, também faz o matapí. Cajapió (sede)
José Antonio Coelho Cabral (Toinho) faz choque de varas de papaterra com arcos de juruparana. Igarapé do Meio (Centro dos Pinaco)
Joaci da Cruz Soares com o material preparado para amarrar o socó: varas de papaterra, cipó muxila e cipó pau para os arcos. Pinheiro (Piçarreira)
Socó de varas de murta feito por Josemar Silva, que também produz landruá, cesto para pescaria, manzuá e espinhel. Mirinzal (Quilombo do Frechal)
Choque de vara de murta. José Bonifácio Dutra (Zequinha). Anajatuba (Areal)
Gonçalo Ferreira (Bogéa) faz socó com varas de murta para pegar traíra e jacundá. Faz o cesto/ balaio de pesca com titarra e o landruá com fio de nylon. Mirinzal (Quilombo do Frechal)
Benedito Marques Filho (Bitinho) faz socó de varas de murta, tapiquerana, pitomba ou gema de ovo. Mirinzal (Rumo)
Antonio Pedro Martins Coelho (Baladeira) faz o socó com varas de murta. Palmeirândia (Pinheirinho)
Antonio Pedro Martins Coelho (Baladeira). Varas preparadas e na quantidade para um socó. Palmeirândia (Pinheirinho)
José Maria Pinheiro (Baixinho) com o socó de varas de murta e o cofo de cintura que acompanha a pescaria. Pinheiro (Sede)
Edivan Pereira Soares (Dudu) faz o socó de varas de murta. Palmeirândia (Passagem)
Edivan Pereira Soares (Dudu) faz o socó de varas de murta. Palmeirândia (Passagem)
Raimundo Oliveira Silva (Raimundinho de Anselmo) prepara as varas de quina para o socó de pescar ou em miniatura. Também faz jiraca para adulto ou criança. Central do Maranhão (Sede)
Raimundo Oliveira Silva (Raimundinho de Anselmo) prepara as varas de quina para o socó de pescar ou em miniatura. Também faz jiraca para adulto ou criança. Central do Maranhão (Sede)
Raimundo Oliveira Silva (Raimundinho de Anselmo) prepara as varas de quina para o socó de pescar ou em miniatura. Também faz jiraca para adulto ou criança. Central do Maranhão (Sede)
Arlivan Martins Mendes (Livoa) faz socó de varas de caganita ou tacaperana. Mirinzal (Engenho do Meio)
Socó de varas de pé de galinha. José Benedito (Bené). Serrano do Maranhão (Sede)
José Maria Brito faz o socó de varas de pé de galinha, popoca, papaterra ou buragica. Pinheiro (Sede)
Edivan Gomes Serra faz socó de varas de jeniparana ou pé de galinha. São Bento (Olho D´Água dos Gomes)
Marinaldo Nogueira dos Santos faz o socó com varas de quina ou pé de galinha. O formato mais estreito é usado em rio e o mais bojudo no campo inundável. Central do Maranhão (Sede)
Francisco da Costa Soares (Grandão) faz o quengo com varas de espinho branco, também faz o jiquí. Peritoró (Vila Boa Esperança)
Choque de talas de cano PVC. Aldenor Dias Viana. Central do Maranhão (Sede)
As amarrações das talas ou varas nos arcos são de dois ou até três
tipos, presentes em uma mesma peça. No topo e no arco central em geral se
utiliza a amarração escama de cascudo ou a
cruzada. Na borda se usa uma amarração dupla. Os materiais mais empregados são o fio de nylon com cera
de abelha (para que a amarração fique firme), a embira, o cordão de nylon, o arame (na
borda), o macarrão de plástico ou, ainda, o fio de telefone.
Socó de varas com amarração de nylon rabo de tatu. Joéildo Rodrigues Silva. Mirinzal (sede)
Socó de varas com amarração de nylon rabo de tatu. Joéildo Rodrigues Silva. Mirinzal (sede)
Socó de varas de gema de ovo com amarração tipo escama de cascudo feita com embira. Mateus Costa. Cedral (Guarimandiua)
José Antonio Coelho Cabral (Toinho) faz choque de varas de papaterra com arcos de juruparana e amarração com cordão de nylon. Igarapé do Meio (Centro dos Pinaco)
Acabamento do socó de tala de marajá com fio de nylon com cera de abelha. José Raimundo Melo (Bil). Palmeirândia (Sede)
Choque de vara de papaterra com casca e amarração de nylon encerado. José Maria da Silva Mendes (Gueba). Anajatuba (Sede)
A principal área de produção dos choques está nos municípios
da Baixada Maranhense – com maior concentração em Pinheiro, Bacurituba,
Palmeirândia e Arari, mas também há muitos artesãos produzindo em Mirinzal
(choque de varas).
São poucas as mulheres que fazem o choque/ socó, mas há
especialistas como Dona Noca, em Palmeirândia e artesãs que fazem por encomenda como Josana, em Anajatuba.
Albertina Conceição Padilha (Noca) é uma especialista na produção do socó. Utiliza as varas de murta. Palmeirândia (Santa Eulália)
Josana Licá Moreira (Josiana) está entre as poucas mulheres que produzem o choque. Utiliza vara de papaterra e cipó lacre. Anajatuba (Cumbí)
A principal área de produção dos choques está nos
municípios da Baixada Maranhense – com maior concentração em Pinheiro,
Bacurituba, Palmeirândia e Arari, mas também há muitos artesãos produzindo em
Mirinzal (choque de varas).
Jiquis/ Munzuás/ Matapís
Os jiquís/ munzuás/ matapís são armadilhas de espera, utilizadas
nos rios e igarapés. Em geral o artesão posiciona a armadilha no final do dia, contendo
isca feita de farinha de mandioca, voltando para buscar o resultado ao
amanhecer. Os materiais mais utilizados são o talo de babaçu e as varas de cipó
(remela de cachorro, quina, beiço de caçuá, garapuca), mas também foram
encontrados materiais como bambu, anajá, bacuri e outros. Há variações feitas
com estrutura de madeira ou cipó e redes de nylon. Nas amarrações utiliza-se
cipó, embira, macarrão de plástico, barbante de nylon, borracha de câmara de
pneu.
Matapís e jiquís são os nomes dados (na maior parte das
vezes) às peças que possuem a amarração de um dos lados (por onde se faz a
despesca, quando não há uma portinha na lateral) e uma sangra no lado oposto (lâminas
de bambu ou taboca), por onde o peixe entra e não consegue voltar. Manzuá ou
jiquí de duas bocas é o nome em geral dado às peças com entradas dos dois
lados, mas há muita variação de nomes e modelos.
Domingos do Espírito Santo Rocha (Pacotinho) é especialista em armadilhas de pesca, principalmente o jiquí, que faz com vara de quina, cipó beiço de caçuá ou unha de cachorro e amarração com fio de telefone. Axixá (Cedro)
Domingos do Espírito Santo Rocha (Pacotinho) é especialista em armadilhas de pesca, principalmente o jiquí, que faz com vara de quina, cipó beiço de caçuá ou unha de cachorro e amarra com fio de telefone. Axixá (Cedro)
Domingos do Espírito Santo Rocha (Pacotinho) é especialista em armadilhas de pesca, principalmente o jiquí, que faz com vara de quina, cipó beiço de caçuá ou unha de cachorro e amarração com fio de telefone. Também faz quixó e miniaturas dessas peças para decoração. Axixá (Cedro)
Laíro Silva Santos (Nhozinho) faz o manzuá de duas bocas e de uma boca (também chamado jiquí) com vara de quina. Também faz o manzuá curral, o quixó e o caçuá de cipó preto para lavar sururu. Axixá (Cedro)
Laíro Silva Santos (Nhozinho) faz o manzuá de duas bocas e de uma boca (também chamado jiquí) com vara de quina. Também faz o manzuá curral, o quixó e o caçuá de cipó preto para lavar sururu. Axixá (Cedro)
Firmino Sousa Moraes faz jiquís de vara de quina, munzuás, caçuás de cipó para lavar sarnambi e sururu e rede malhadeira. Axixá (Cedro)
Paulo Moraes é especialista em jiquís de vara de quina, utiliza o cipó beiço de caçuá ou titica para os arcos. Axixá (Monte Alegre)
Paulo Moraes é especialista em jiquís de vara de quina, utiliza o cipó beiço de caçuá ou titica para os arcos. Axixá (Monte Alegre)
Pedro Paulo Santos Dutra faz jiquí de vara de quina de um metro de altura e também em miniatura de 50 cm. Axixá (Riachão)
Dogeval Pestana Ferreira (Dóge) faz jiquí munzuá com vara de quina ou remela de cachorro e arcos de cipó coaçu ou jeniparana. Axixá (Vila Glória)
Claudio Luís Vieira (Morno) faz munzuás de vários tamanhos com vara de quina e aros de bicicleta. Icatu (Crissanto)
Claudio Luís Vieira (Morno) faz munzuás de vários tamanhos com vara de quina e aros de bicicleta. Icatu (Crissanto)
Francisco Josiel Silva dos Anjos (Jósi) faz jiquí de tala de babaçu e também curral, quixó e tarrafa. Buriti (Barra Nova)
Luís dos Anjos Serra Aguiar (Baixinho) faz matapís de talo de babaçu. Cajapió (Ilha dos Andrade)
José Policarpo Costa dos Passos (Zequinha) faz matapís de marajá. Cajapió (Boa Vista)
Raimundo Miguel Sousa Maciel (Boidico) faz jiquís de tala de marajá. Vitória do Mearim (Sede)
Geraldo Moreira Braga (Nhô Gê) faz muzuá grande com vara de caranguejo. Cedral (Porto de Baixo)
José Veloso Neto (Seu Madruga) faz grandes muzuás de flecha de bambu para 200 kg de peixe. Turiaçu (Sede)
Algumas cidades apresentam
especialidade na produção desse tipo de armadilha: Axixá (jiquí de vara de quina), Cajapió
(matapí de talos de bambu) e Santa Quitéria do Maranhão (jiquí de varas), elas reúnem
(até o momento) o maior número de artesãos de jiquí, mas os jiquís são
feitos em todas as regiões do estado.
Edival Mota Pinheiro faz matapí de talo de babaçu para pescar no igarapé, socó de marajá, tarrafa, rede malhadeira e ainda o cofo para pesca. São João Batista (São José)
Edival Mota Pinheiro faz matapí de talo de babaçu para pescar no igarapé, socó de marajá, tarrafa, rede malhadeira e ainda o cofo para pesca. São João Batista (São José)
Benedito Silva (Benedito Camaleão) faz matapí de talo de babaçu e também tarrafas. Igarapé do Meio (Fazenda Nova)
Benedito Silva (Benedito Camaleão) faz matapí de talo de babaçu e também tarrafas. Igarapé do Meio (Fazenda Nova)
Raimundo dos Santos Freitas (Xuni) faz o matapí de talo de babaçu e também o choque. Palmeirândia (Agrovila São Sebastião)
Valdivino Lopes Silva (Vainho) faz o jiquí de talo de babaçu e currú de varas de espinho branco. Santa Inês (Quilombo Onça)
José Francisco Nunes Neves (Chicudo) utiliza o marajá para fazer munzuá, gaiola de pesca e socó. Penalva (sede)
Enoque José de Sousa preparando a sangra de lâminas de taboca que é encaixada nas extremidades do jiquí (também de taboca) usado para pegar piau e cará. Buriticupu (Centro dos Faria)
Enoque José de Sousa preparando a sangra de lâminas de taboca que é encaixada nas extremidades do jiquí (também de taboca) usado para pegar piau e cará. Buriticupu (Centro dos Faria)
Abdias Edivino Ribeiro Costa (Caminhão) amarrando o munzuá usado para pegar piranha. Também faz gaiola de pegar mandi e carraú e tarrafa para peixe pequeno. Cajari (sede)
Bernardo da Conceição Veras é especialista em armadilhas de pesca, faz o jiquí de varas de sacatrapo (foto), curral de pesca, viveiro para isca e espinhel. Milagres do Maranhão (Sede)
Juraci Sá de Araújo (Jurinha) faz jiquí deitado de duas sangras. Utiliza varas de vaqueta ou mororó. Santa Quitéria do Maranhão (Sede)
José Ribamar Alves (Fala Sério) com o manzuá de talo de babaçu e cipó escada de jabuti que acabou de fazer. Usado para pegar mandi e cascudo. Rosário (Flecheira)
Edvaldo Pereira de Melo faz jiquí retangular de uma ou duas sangras utilizando o bambu e amarração de borracha de câmara. Barão de Grajaú (Sede)
Evaristo Bispo Rodrigues faz o munzual para pegar bagre (também usado para manter vivo o peixe pescado). Usa cano de PVC e nylon de rede. Bequimão (Quindiua).
Fábio Roberto Costa dos Anjos faz o munzual com armação de madeira atiriba e rede de pesca, usado para pegar bagre, cangatã, pacamã e peixe pedra. Bacuri (Portugal)
Antonio Alves Rabelo Filho (Antonio de Deca) faz manzuás grandes com formato de curral, utilizando madeira e rede de pesca. Cururupu (Ilha de São Lucas)
Gaiolas de pesca
Usadas em conjunto para pesca em rio, as gaiolas redondas ou
quadradas costumam ser feitas com varas de cipó ou talas de marajá. As sangras
em geral são feitas de taboca ou bambu. Existem gaiolas de uma, duas e até
cinco sangras.
Juraci Sá de Araújo (Jurinha) faz jiquí em pé, também chamado de gaiola, com 4 ou 5 sangras para pegar piau e mandi. Utiliza varas de vaqueta ou mororó. Santa Quitéria do Maranhão (Sede)
José Francisco Lima de Menezes (Chico Lima) faz manzuás e gaiolas para pegar capadinho e mandi. Utiliza varas de papaterra. Vitória do Mearim (Sede)
José Francisco Lima de Menezes (Chico Lima) faz manzuás e gaiolas para pegar capadinho e mandi. Utiliza varas de papaterra. Vitória do Mearim (Sede)
José Francisco Lima de Menezes (Chico Lima) faz manzuás e gaiolas para pegar capadinho e mandi. Utiliza varas de papaterra. Vitória do Mearim (Sede)
Raimundo Cícero Neres Torres faz gaiolas de pesca e socó utilizando o marajá. Pindaré Mirim (Bambu)
Gaiolas de pesca feitas por Basílio Bispo Nogueira com tala de marajá. Pindaré Mirim (Sede)
Pedro Vieira da Silva (Cabeça Branca) faz diversos artefatos de pesca, entre eles o jiquí gaiola com 4 sangras de varas de pequiá. Santa Quitéria do Maranhão (Santa Quitéria Velha)
Pedro Vieira da Silva (Cabeça Branca) faz diversos artefatos de pesca: jiquí gaiola com 4 sangras de varas de pequiá, curral de 8 palmos de altura de varas de pipoca, matapí de taboca, choque de varas de vaqueta e tarrafas para camarão e para tucunaré. Santa Quitéria do Maranhão (Santa Quitéria Velha)
Raimundo Nonato da Silva (Canoeiro) faz gaiolas de marajá e também currú, tece redes e tarrafas. Pindaré Mirim (Bambu)
Gaiolas de pesca de marajá feitas por Diomar dos Reis Teixeira Mendonça (Reis), que também produz viveiro e munzuá no mesmo material. Monção (Sede)
As gaiolas de Benedito Abreu Marques (Nêgo Velho) são feitas com varas de quina. Têm cinco sangras e pegam mandi, piau e cascudo. Cachoeira Grande (Sede)
Sangra da gaiolas de Benedito Abreu Marques (Nêgo Velho). Cachoeira Grande (Sede)
Raimundo Miguel Sousa Maciel (Boidico), faz gaiolas e jiquís de marajá, além das peças voltadas para o Bumba Boi. Vitória do Mearim (Sede)
Raimundo Miguel Sousa Maciel (Boidico), faz gaiolas e jiquís de marajá, além das peças voltadas para o Bumba Boi. Vitória do Mearim (Sede)
Raimundo Miguel Sousa Maciel (Boidico), faz gaiolas e jiquís de marajá, além das peças voltadas para o Bumba Boi. Vitória do Mearim (Sede)
As cidades
que concentram maior números de artesãos de gaiolas são Pindaré Mirim, Arari e
Santa Quitéria do Maranhão, mas há artesãos produzindo em muitos municípios,
com variações nos formatos.
Abdias Edivino Ribeiro Costa (Caminhão) faz gaiola de pegar mandi e carraú. Cajari (sede)
Gaiola de pesca de vara de quina feita por Raimundo Vieira Santos (Raimundo Padeiro), que também faz munzuá e jiquí. Presidente Juscelino (Sede)
Detalhe da gaiola de pesca de vara de quina feita por Raimundo Vieira Santos (Raimundo Padeiro). Presidente Juscelino (Sede)
Moisés Chaves de Souza (Calango) faz gaiolas, choques e jiquís de marajá. Arari (Estirão Grande)
Raimundo Nonato Ferreira da Silva (Raimundo Nêgo) faz gaiolas de guarimã ou de varas, jiquís redondos de duas sangras e jiquís quadrados de uma sangra (foto). Maranhãozinho (Centro do Chico Nêgo)
Yran Silva Santos e Jackson Silva Santos fazem todo tipo de armadilha de pesca usando varas de pequiá. Magalhães de Almeida (Sede)
Yran Silva Santos preparando gaiola de pesca de varas de pequiá e tela plástica. Magalhães de Almeida (Sede)
Miniatura de gaiola de pesca em tala de marajá. Aldean Costa Silva. Cajari (Sede)
Currais e Cacurís
O ambiente costeiro maranhense é permeado por diferentes
tipos de currais de pesca. Grandes armadilhas – a serem despescadas com maré
vazante – são construídas com estacas de madeira e constam quase sempre de uma
sala ou chiqueiro e espias, embora tenham desenhos e tamanhos variados. Também se
destacam as antigas camboas ou itaparís, construídas com pedras em algumas
praias no golfão maranhense e no litoral ocidental. Existem ainda outras
armadilhas estacadas que são sazonais e de grande porte, a exemplo da muruada, da
fuzarca e da lance de zangaria.
O cacurí é uma versão pequena e portátil dos currais, usada
nos rios e lagoas. É feito com varas e amarrado com cipó. São poucos os
artesãos que produzem, é uma armadilha menos utilizada. Foram registrados
artesãos de cacurí em Anapurus, Mata Roma, Santa Quitéria do Maranhão,
Magalhães de Almeida, Milagres do Maranhão, Centro Novo do Maranhão, Luís
Domingues e Boa Vista do Gurupi.
Raimundo Nonato Costa dos Santos (Considerado) faz o cacurí com guarimã e amarração de cipó timbó ou titica. O cacurí tem uma grande tela de 10 palmos de largura e 5 mourões que o prendem ao solo. Centro Novo do Maranhão (Barreira Vermelha)
Anastácio Braga Cardoso faz curral de pesca de 1,6 m ou 1m, utiliza varas de mororó, pipoca ou pequiá e faz a amarração com cipó de morcego. Magalhães de Almeida (Sede)
Anastácio Braga Cardoso faz curral de pesca de 1,6 m ou 1m, utiliza varas de mororó, pipoca ou pequiá e faz a amarração com cipó de morcego. Magalhães de Almeida (Sede)
Antonio de Oliveira Alves (Toinho) faz o cacurí de vara de vaqueta, pau pombo ou murta e amarra com cipó escada. Faz outras armadilhas também. Anapurus (Rio Preto)
Raimundo Nonato Ferreira Maia (Pelé) faz curral de pesca de varas de sacatrapo e amarração de cipó de escada. Também faz jjiquí de talo de babaçu. Milagres do Maranhão (Sede)
José Alan Sousa Carvalho faz diversas armadilhas de pesca, dentre elas o cacurí, feito com vara de vaqueta e amarrado com cipó escada. Anapurus (Água Rica)
Yran Silva Santos e Jackson Silva Santos fazem todo tipo de armadilha de pesca com varas de pequiá, entre elas o curralinho para pegar mandi. Magalhães de Almeida (Sede)
José Orlando Sousa da Silva (Nandinho) faz o curralinho de talo de buriti para pescar piaba, também faz o curral de varas de vaqueta para peixe grande e o jiquí de talo de babaçu. Santa Quitéria do Maranhão (Santa Rosa)
Landruás, Jiracas, Sacurí, Puçás...
Landruá, landuá, jiraca ou sacurí são os nomes
mais usados para a armadilha de pesca que também é conhecida por alguns como puçá. Essa armadilha é formada por uma rede/ pano de fio de
algodão ou nylon, tecida com agulha de rede de pesca, cuja boca é fixada a um
aro ou meio aro de cipó (jeniparana). Sua utilização ocorre nos rios, lavados e
ainda nas despescas dos grandes currais. Existe uma variante chamada guizo,
específica para a pesca de camarão.
Miranda do Norte reúne muitas artesãs e artesãos que tecem o landruá de fio de algodão.
Alcionete Fonseca Carneiro com os landruás tecidos em fio da Bahia com arco de cipó jeniparana. Cururupu (Aliança)
Maria Neuma Alves Melo tece em fio de algodão o landruá, que também chama de puçá para pegar camarão, traíra e cará. Milagres do Maranhão (São Roque)
João Balbino dos Santos faz puçás/ landruás grandes para pegar peixe de rio e de lago. Utiliza fio de algodão e arco de janiparana. Bacabeira (sede)
Antonio Luís do Nascimento Fonseca (Pintinho) faz landruá tecido em fio de algodão com arco de cipó lacre. Anajatuba (Cumbí)
Maria das Dores Cirqueira Costa (Das Dores) tece landruá de fio. São Vicente Férrer (Sede)
Aldenora Batista Gomes tece em fio de algodão o landruá de meio arco. Cachoeira Grande (Sede)
Ângela Meirice Pereira Madeira (Nem) faz ladruás de fio de algodão e arco de jeniparana. São Vicente Férrer (Dois Irmãos)
Antonio João Freire (Cano Velho) faz landruá tecido em algodão com arco de cipó. Central do Maranhão (Sede)
Rosa Maria da Luz Coelho (Rosinha) e a neta Daiana Regina da Luz Coelho (Dadá) tecem landruá de fio da Bahia, como é conhecido o fio de algodão. Cururupu (Aliança)
Daiana Regina da Luz Coelho (Dadá), neta Rosa Maria da Luz Coelho (Rosinha) com quem aprendeu a tecer e montar o landruá de fio da Bahia. Cururupu (Aliança)
Meio arco de juruparana (vergada a quente) para armar o landruá. Raimundo Celestino de Sousa Moraes (Carão). Matões do Norte (Bacabeira)
Raimunda de Jesus Costa Soares (Mundica) tece landruá/ puçá e rede malhadeira. São João Batista (Santa Rita 1)
José Albino Coelho Saraiva (Bica) é especialista em landuás de arco aberto ou fechado. Miranda do Norte (Sede)
Landuás de arco aberto e fechado feitos por José Albino Coelho Saraiva (Bica). Miranda do Norte (Sede)
Maria Raimunda dos Santos Silva (Mundinha) faz landruá para uma e para duas pessoas, usados para pegar traíra, acará, jejú, bagre, cascudo, tubi. Olinda Nova do Maranhão (Sede)
Luís Antonio Gomes montando o landruá para pegar camarão, tainha, bagre. Axixá (Munim Mirim)
Joana Paula Borel, mantem a habilidade de tecer pano para puçá de pegar peixe e ou camarão, mesmo com a perda da visão. Utiliza fio de saco de nylon desfiado. Pinheiro (Santa Sofia)
Antonio de Pádua Xavier de Lima faz o landruá/ puçá com fio de nylon e cabo de madeira. Tutóia (Barro Duro)
José Diomar Gomes Ribeiro faz o landruá em forma de tubo, conhecido na região como cú. Icatu (Baiacuí)
Nelson de Jesus Reis (Nelsinho) faz o landruá (em formato de tubo) com 6 arcos de jeniparana. Cururupu (Sede)
Sebastião Leocádio dos Santos (Babaco) faz o landruá (em formato de tubo), o choque para pegar peixe preto, tarrafa para o campo e agulhas para tecer rede de zangaria. Cajapió (Sede)
Rosinalva dos Santos (Rosinha) tece puçá de espera ou de arrasto para pegar camarão. Também faz landruá para água doce e tarrafa. Serrano do Maranhão (Sede)
Raimundo Cutrim Mendes (Dico) faz puçá de arrasto de 7x 8 metros. Viana (Sede)
Francivaldo Ferreira tece puçá de arrasto com fio de nylon barra 2 ou fibra de nylon. Cururupu (Guajerutiua)
Pesca com puçá de arrasto.
Peneiras de pesca
As peneiras de pescar são confeccionadas com talas de buriti
ou de guarimã, de acordo com a região. Costumam ser feitas para uma, duas ou
quatro pessoas pescarem em ambientes de lagos e lagoas com presença de mururus,
aguapés e outros.
As peneiras de tala/ flecha de buriti são muito
presentes na região do Baixo Parnaíba, há diversos artesãos produzindo em Anapurus, Brejo e Buriti.
Maria José dos Santos Andrade faz a peneira de pesca e vários outros tipos de peneiras. Utiliza tala de buriti e arco de mororó. Anapurus (Lagoa dos Ciganos)
Pano da peneira de pesca em tala de buriti pronto para armar no arco de mororó. Maria José dos Santos Andrade. Anapurus (Lagoa dos Ciganos)
Francisco Lopes de Sousa (Chico de Couro) faz peneira de pesca com tala de buriti e arco de cipó unha de cachorro. Mata Roma (Morcego)
Maria Madalena de Freitas Silva (Madá) faz a peneira de pescar camarão e diversas outras. Usa tala de buriti e o arco de cipó unha de cachorro. Brejo (Pacuti de Baixo)
Peneira de pesca em tala de buriti e arco de cipó unha de cachorro. Manuel da Conceição dos Santos (Barrão). Anapurus (Sapucaia)
Maria das Graças Dionísio faz peneiras de pesca de 7 palmos para duas pessoas e outros tipos de peneira utilizando a tala do buriti. Brejo (Carrapato de Dentro)
Raimundo Nonato Silva Costa (Araponga) faz grandes peneiras de pesca de tala de buriti e também cofinhos de babaçu para botar o resultado da pescaria. Anapurus (Sede)
Raimundo Nonato dos Santos faz peneiras de pesca de tala de buriti, cofinhos para pescar, choque e jiqui. Anapurus (Sede)
João Batista de Sousa (Joãozinho) trabalhando na amarração da peneira de pesca de tala de buriti para duas pessoas. Brejo (Forquilha)
Raimundo Nonato do Nascimento com a peneira de pesca com tala de buriti e arco de cipó unha de cachorro em montagem. Mata Roma (Alto Bonito)
Águida de Sousa Viana faz peneira de pesca para peixe preto utilizando tela de nylon e aro de cipó unha de cachorro, também faz outros tipos de peneira com tala de buriti.
Em algumas regiões as peneiras são profundas e de boca estreita. Traçadas com tala de guarimã, são utilizadas principalmente pelas mulheres. A comunidade quilombola Juçaral dos Pretos, em Presidente Juscelino, reúne artesãos que produzem esse tipo de peneira.
Carlito de Matos Teixeira Ramos produz as peneiras profundas de pesca, trançadas com tala de guarimã. Presidente Juscelino (Juçaral dos Pretos)
Terezinha de Jesus Matos Teixeira faz a peneira profunda para pescar, utiliza a tala de guarimã. Presidente Juscelino (Juçaral dos Pretos)
Edilene Teixeira e a peneira profunda de pesca feita de tala de guarimã. Presidente Juscelino (Juçaral dos Pretos)
Jorge Alves de Sousa faz a peneira de pesca de fundo quadrado trançada com tala de guarimã. Presidente Juscelino (Encruzo)
Caminas, Manzuás e Paneiros de pesca (de filho, mãe e filho,
boca de pote)
A tala de guarimã é utilizada em para
tecer muitas armadilhas de pesca. Chama atenção a diversidade de formatos
e modos de utilizar. Além da peneira, existe a camina/
carmina, o munzuá em diferentes modelos e o paneiro com suas variações, paneiro
boca de pote, paneiro de amoré, paneiro de filho, paneiro mãe e filho e paneiromunzuá.
Camina de tala de guarimã. Francisco Germano de Oliveira (Velho). Maracaçumé (Sede)
Francisco Germano de Oliveira (Velho) e a camina/ carmina de guarimã. Maracaçumé (Sede)
João Batista da Silva faz carmina para pegar piranha, também faz gaiola de pesca com o guarimã e choque com vara de pé de galinha. Maracaçumé (Sede)
Paneiros
Os paneiros de pesca são muito utilizados na região do Carú. Há grande e diversificada produção em cidades como Cândido Mendes, Godofredo Viana, Carutapera. Também são produzidos em Turiaçu.
Alziro dos Santos Alves Amorim (Alzirão) faz a armadilha chamada paneiro mãe e filho na versão para pescar em igarapé e na versão para pegar amoré (com quatro filhos/ aberturas). Também faz sucubé para isca viva. Godofredo Viana (Sede)
O paneiro mãe e filho, trançado com tala de guarimã, tem design escultural, com ele se pesca amoré, pescada, bagre, tainha e pacamão. Godofredo Viana (Sede)
Benedito Fernandes utiliza tala de guarimã no trançado do paneiro munzuá. Turiaçu (São Francisco)
Benedito Fernandes utiliza tala de guarimã no trançado do paneiro boca de pote para pegar amoré. Turiaçu (São Francisco)
João Roque Leonardo (Joca) faz duas variações de peneiros de tala de guarimã, ambos para pegar amoré: o paneiro de pegar amoré e o paneiro boca de pote. Cândido Mendes (São José do Português)
Benedito Quadros (Picolé) faz paneiro de filho trançando talas de guarimã. Também faz socó de vara de murta para pescar no lago. Carutapera (Sabonete)
Benedito Santos Foicinho (Bibi) faz paneiro de filho (1 a 4 filhos/ entradas) para pegar amoré, baiacu e siri. Utiliza a tala de guarimã. Cândido Mendes (Santa Isabel)
Caçuás e balaios de pesca
A pesca com cestos de uso individual ou em dupla é bastante comum nos riachos e igarapés. A produção está associada à disponibilidade do material para tecer, são usados principalmente os cipós e a tala de buriti. Os balaios são feitos principalmente pelas mulheres.
Os balaios de tala de buriti são feitos e utilizados principalmente
pelas mulheres do Baixo Parnaíba, de cidades como Santa Quitéria, São Bernardo
e Santana do Maranhão.
Valniza Florinda da Conceição (Niza) tece o balaio de pesca com tala de buriti. Também faz o cofinho levado para recolher os peixes. Santa Quitéria do Maranhão (Buritizal)
Maria dos Milagres Rosa dos Reis faz o balaio de pesca de tala de buriti. Santa Quitéria do Maranhão (São Bento)
Rosa Maria Porto Lima Lopes tece com tala do buriti o balaio para pescar em vários tamanhos. Santa Quitéria do Maranhão (Riacho do Meio)
Balaio de pesca de tala de buriti feito por Creuza da Conceição Nunes Ferreira. Santa Quitéria (Bacuri Segundo)
Balaio de pescar de talo/ braço da folha do buriti feito por Maria Alice Pereira de Sousa. São Bernardo (Sede)
Claudionor Dutra Pinho (Nhonhô) faz grandes caçuás trançados com cipó preto e cipó escada de jabuti utilizados para tirar sururu. Também faz munzuá e jiquí de vara de quina. Axixá (Riachão)
Raimundo Nonato Costa Neto (Netão) faz caçuá para lavar sururu utilizando cipó do mangue, cipó de calango ou titarra. Morros (Una dos Moraes)
Outras armadilhas
Outros petrechos de pesca, aparecem aqui e acolá como arco e
flecha, usados em diversos povoados nos lagos de Viana, Matinha, Cajari; o caixão de pesca, mais incomum; o espinhel usado na água salgada e em grandes rios, ou
simplesmente o caniço/vara de pesca.
José Diomar Gomes Ribeiro faz o espinhel com 100 anzóis, rede, puçá e o landruá em forma de tubo. Icatu (Baiacuí)
Espinhel com 100 anzóis. José Diomar Gomes Ribeiro. Icatu (Baiacuí)
Espinhel. José Raimundo Silva (Zé Perequeté). Central do Maranhão (Sede)
Nodson Alves da Silva (Nodinho) faz o caixão de pesca em madeira (pequiá, pau d´arco). Barra do Corda (Ipiranga)
Nodson Alves da Silva (Nodinho) faz o caixão de pesca em madeira (pequiá, pau d´arco). Barra do Corda (Ipiranga)
Tarrafas e redes
Redes de emalhe, arrasto, cerco e tarrafa apresentam variados
exemplares como guizo, tainheiro, rede de lanço, gozeira, malhão, serreira,
orichoqueira, de balsedo, puçá de escora, cascudeira, rede alta, zangaria, malhadeira (também chamada caçueira)... São tecidas com fio ou fibra de nylon, com diferentes tamanhos de
malha, de acordo com o tamanho do peixe a capturar, para serem utilizadas em
águas rasas ou profundas.
As redes de pesca são produzidas em todas as regiões do estado, mas algumas localidades são como centros de produção, pois reúnem maior número de artesãos, como a sede do município de Primeira Cruz, onde se faz caçueiras, pitilzeiras, sabujeiras, puçás de arrasto, puçás de tapagem, tarrafas, dentre outras.
Com a facilidade de compra do pano de rede industrial, feito em
fibra de nylon, tornou-se mais raro o tecer da rede de pesca em grandes
tamanhos, mas ainda é feita por muitos que também podem fazer somente o
entralhe, que é a montagem da rede com as boias, cordas, cordões etc.
Ismael Machado Silva (Luís Careca) tecendo rede com agulha entalhada em madeira (ipê). Alto Alegre do Pindaré (Tucumã)
Durval Cunha Seabra faz diversos tipos de rede (taineira, tajubeira, malhadeira e outras), tarrafa, munzuá e puçá. Godofredo Viana (Sede)
Rodrigo Pinheiro Sousa tece rede malhão para pescada amarela (foto), rede bagreira, rede calão camaroeira, rede camaroeira com saco, tarrafa para camarão e tarrafa para peixe. Carutapera (Praia São Pedro)
Rosana Pereira Dias tece rede caçueira, landruá e puçá com fio de nylon. Igarapé do Meio (Centro dos Pinaco)
Rosana Pereira Dias tece rede caçueira, Landruá e puçá com fio de nylon. Igarapé do Meio (Centro dos Pinaco)
Maria da Conceição Mota Moraes tece redes de malha 8 e 9, além de tarrafas. Penalva (Sede)
Lindalva de Jesus Aguiar França e Benedito Ribeiro França juntos tecem e entralham rede malhadeira para água salgada, rede de tapagem para igarapé e tarrafa para água doce. Utilizam nylon de seda. Cajapió (Sede)
Maria Alice Pereira Marques tece a rede caçueira. Paulino Neves (Sede)
Veronice França Viana é pescadora e tece diversos tipos de rede: de pesca beira alta, malhinha, malhão, de arrasto, de escora, tarrafa, puçá de arrasto. Bequimão (Sede)
Vizinhos tecendo redes de pesca ao entardecer. Viana (Sede)
As
tarrafas são produzidas com regularidade em todas as regiões do estado. Presidente Juscelino, na região do Munim, reúne muitos artesãos e artesãs de tarrafa, assim como Viana, na Baixada Maranhense.
Muitas vezes há
divisão entre o trabalho de tecer e o de entralhar (adicionar as cordas, os cordões, tensos, a chumbada...).
Júlio Cesar Lopes Pereira (Ú) faz tarrafa de 25 malhas e de 30 malhas para pescaria em poço. Presidente Juscelino (Sede)
Júlio Cesar Lopes Pereira (Ú) faz tarrafa de 25 malhas e de 30 malhas para pescaria em poço. Presidente Juscelino (Sede)
Ademar Trindade tece tarrafas de malha fina e rede de pesca. Viana (Sede)
Ademar Trindade tecendo tarrafa de malha fina. Viana (Sede)
Raimundo Nonato Alves Rodrigues (Careca) é especialista em tarrafas e também entralha redes grandes, como a caçueira. Cachoeira Grande (Sede)
Raimundo Nonato Alves Rodrigues (Careca) é especialista em tarrafas e também entralha redes grandes, como a caçueira. Cachoeira Grande (Sede)
Raimundo Santos Trindade Mendes (Santinho) faz tarrafas de malha 4 ou 5. Matinha (Sede)
Miguel da Silva faz diversos artefatos para pesca, entre eles a tarrafa para camarão. Carutapera (Sede)
José de Ribamar Verde Lopes faz tarrafas de malha 2 até 8 e choque de varas de papaterra. Igarapé do Meio (Sede)
Artesãos do povoado Tarumã tecendo tarrafas: Iran, Maria de Nazaré, Maria dos Santos. Igarapé do Meio
Paula Eremita Soares tecendo tarrafa. Faz também o sacurí (landruá). Palmeirândia (Triângulo)
Onilson de Sousa Coelho (Nenezinho) faz tarrafas, redes, choque, gaiola e curral. Igarapé do Meio (Tarumã)
Agulhas de tecer rede
Agulhas de tecer tarrafa feitas de madeira (maçaranduba) por Raimundo João Serra. Anajatuba (Sede)
Elias Bastos Reis (Jipe) entalha em pvc de cadeira as agulhas para tecer diferentes malhas de rede de pesca. Apicum Açu (Sede)
Pedro Spíndola de Araújo (Pedro Juvina) faz agulhas para tecer tarrafa com PVC de cano. Magalhães de Almeida (Sede)
Cleidinaldo Madeira (Penso) entalha a agulha para tecer tarrafa em cano de PVC ou em madeira (paparaúba, bambu). São João Batista (Sede)
José Augusto Ferreira Alves (Tibirinho) faz agulhas para tecer curral e para tecer tarrafa ou puçá. Utiliza madeira (maçaranduba ou raiz de mangue). Luís Domingues (Sede)
Marcos de Jesus Coelho (Marquinho) entalha agulha para tecer rede malhão e para acabamento. Utiliza cano PVC ou bambu. São Bento (Sede)
Raimundo Cutrim Mendes (Dico) entalha agulhas de tecer e de consertar rede utilizando cano PVC. Viana (Sede)
Francisco dos Santos Nascimento (Chico Belo) entalha agulhas de tecer rede em madeira (jenipapeiro ou pereira) utilizando o facão. Caxias (Nova Terra)
Francivaldo Ferreira entalha agulhar de tecer rede em cano PVC ou rstos de cadeira. Cururupu (Guajerutiua)
ARTEFATOS COMPLEMENTARES
Sucubés e garajaus
O sucubé, também chamado de viveiro,
é utilizado para acondicionar grande número de iscas e mantê-las vivas ao longo
da pescaria. Tem formato de embarcação pois é atado à lateral do barco e navega
com ele. Já o bamburral/ garajau é usado após a despesca das armadilhas, mantendo
o peixe vivo por muitos dias.
Valdeci Barbosa Rodrigues (Escurinho) faz o viveiro para iscas, usado junto ao barco ao longo da pescaria. O trançado é feito em guarimã, com estrutura de madeira. Apicum Açu (Sede)
Viveiro para iscas, usado junto ao barco ao longo da pescaria, tecido com talas de guarimã. Valdeci Barbosa Rodrigues (Escurinho). Apicum Açu (Sede)
Reginaldo Sales Costa (Gico) com o sucubé (viveiro de iscas), que tem o pano trançado de tala de guarimã. Cândido Mendes (Sede)
Sucubé para iscas, feito com tala de guarimã e madeira por Agostinho Borges (Prefeito) . Godofredo Viana (Sede)
Raimundo Braga de Sousa (Dioguinho) faz o cofo sucubé para preservar isca viva, trançado com tala de guarimã. Luís Domingues (Sede)
Cofo sucubé para preservar isca viva, trançado com tala de guarimã. Raimundo Braga de Sousa (Dioguinho). Luís Domingues (Sede)
José Augusto Ferreira Alves (Tibirinho) faz grandes sucubés em talas de guarimã ou fita plástica. Também faz puçás e tarrafas. Luís Domingues (Sede)
José Augusto Ferreira Alves (Tibirinho) faz grandes sucubés em talas de guarimã ou fita plástica. Também faz puçás e tarrafas. Luís Domingues (Sede)
Marcos de Jesus Coelho (Marquinho) faz a mochila sacurí, usada para carregar os apetrechos de pesca e para manter o peixe vivo durante a pescaria. Também faz agulhas para tecer rede malhão em bambu, madeira ou PVC. São Bento (Sede)
Cofo para pescaria
O cofo é companheiro inseparável do
pescador, para carregar o peixe, o camarão, o caranguejo logo que capturado,
para armazenar na embarcação, para transportar, para embalar antes da venda... É certamente o item com maior procura, pois atende a todo tipo de pesca.
É utilizado também como armadilha de
pesca, da mesma maneira que se usa a peneira profunda. Para este uso se faz o cofo urupi, que tem a trama aberta.
Antonio Simeão Carvalho (Toió) faz a cestaria utilizada na pesca, como os cofos tiracolo ou de cintura. Também faz choque, tarrafa e puçá. Santa Rita (Cai Coco)
Cofinho de pescaria. Bernardo Gomes da Costa (Bernardo Bel). Tutóia (Seriema)
Antonia Oliveira Nogueira faz o cofinho usado na pescaria com anzol. Pinheiro (Paraíso)
Sebastião Veloso Foicinho (Sibá) faz cofos grandes com tampa de mensaba para armazenar o camarão seco. Também faz paneiros de pegar amoré, sucubé, puçá de arrastar para camarão e tarrafa para camarão ou sardinha. Cândido Mendes (Cajual)
José Ribamar Batista (Zé do Cofo) faz todo tipo de cofo, entre eles o cofinho para pescar no igarapé e o cofo para mariscar curral, que transporta o landruá dentro. Rosário (Nambuaçu de Baixo)
João Balbino dos Santos faz cofos para colocar o resultado da pesca com anzol (pequeno) e com tarrafa (grande). Também faz puçás grandes para pegar peixe de rio e de lago. Bacabeira (Sede)
O acervo de belos artefatos de pesca reunido pelo projeto Mapearte foi exibido na exposição Choque, Landruá, Sucubé, Munzuá... O design da pesca no Maranhão, evidenciando a diversidade e a beleza das peças de uso cotidiano. O catálogo pode ser baixado no link abaixo.