Em
diversas cidades maranhenses destaca-se a produção de peças em alumínio
fundido, sobretudo panelas e utilitários de cozinha, mas também itens
decorativos e mesmo peças de automóvel, moto ou barco. Os fundidores reproduzem
qualquer peça a partir de uma que sirva de molde para fazer a forma, inclusive peças de vidro ou de outros materiais que se queira reproduzir em alumínio.
As
oficinas reciclam sucata de alumínio, que é fundido e despejado em formas de areia.
Na primeira etapa do processo a areia é peneirada, depois vem a feitura do
molde a partir de uma peça existente. A areia é socada e compactada para que o
modelo possa ser retirado cuidadosamente, coloca-se então a parte superior da
forma com areia já compactada e nela é cavado o dreno por onde o alumínio será
despejado. Derrete-se o alumínio e é feito o enchimento da forma. Deixa-se
secar e então a peça, ainda quente, é retirada da forma. Na sequência, o dreno
é cortado e é iniciado o acabamento com a rebarbação, o lixamento, o polimento (no
caso de panelas, travessas e outros itens de cozinha). Quando necessário são acrescentadas
asas/ alças, cabo de madeira ou baquelite, pegador, tampa.
Os fundidores
costumam classificar o alumínio como mole e duro, existe também o alumínio
temperado com outros metais, mas preferem não utilizá-lo. O material utilizado
na produção é proveniente de todo
tipo de peça de alumínio: aro e calha de bicicleta, partes de esquadrias,
pistão, assoalho de ônibus, antena parabólica, boca de fogão, tampa de pinhão
da moto, sobra de portão, panela velha, “fiagem de energia”, lata e outros materiais
obtidos em locais de descarte ou comprados em sucatas.
Para
a feitura de peças como fogareiro, churrasqueira, grelha, gadanho, usa-se o
alumínio duro, que não serve
para panela, pois escurece no fogo. O alumínio mole é utilizado para
fazer panela, tacho, papeiro, frigideira, frigideira para três ou quatro ovos, cuscuzeira,
leiteira, caldeirão, assadeira, forma de bolo/ boleira, tigela, prato, copo,
colher, garfo, concha, escumadeira, cuia, espremedor de alho, espremedor de
limão, bandeja, fruteira, pá de rodo de torrar farinha, pilão de tempero,
abridor de garrafa, raspadeira de coco. Fazem também outros artefatos como
hélice para embarcação, placa de rua, cruz para cemitério, números e letras
para casas e lojas, tuchos para
motor de trator e caminhão, cornetas para caixa de som, suporte para
botijão de gás, jarro...
Panela é o nome que os fundidores
utilizam para identificar a peça tradicional feita em duas partes, que tem
formato de caldeirão e duas alças (podem ter três pinos que funcionam como pés,
mas a maioria não tem). As partes são encaixadas e soldadas.
As
oficinas reúnem, em geral, de um a seis artesãos, a maior parte delas são familiares.
Uma única mulher foi identificada nesse tipo de produção, Luíza Lopes, de Junco
do Maranhão, que se dedica a peças pequenas e talheres de servir.
Na
maioria dos 18 municípios onde foram encontrados paneleiros ou fundidores de
alumínio, as peças são vendidas diretamente nas oficinas – varejo e atacado – ou
nas feiras da cidade produtora
e entorno. Os artesãos também costumam levar sua produção para vender em
grandes festas, como a de São Raimundo Nonato em Vargem Grande ou a de São José
de Ribamar. Percebe-se que há um crescimento da produção, tendo em vista o aumento
do número de pontos de venda. Em São Luís é possível encontrar em diversos
mercados, inclusive nas Casa das Tulhas, no centro histórico e no mercado
central.
Até o momento foram encontrados 43
artesãos dedicados à fundição de alumínio. Além de Caxias, Timon e Santa Inês,
também estão presentes em Arame, Barra do Corda, Buriticupu, Cândido Mendes,
Cururupu, Junco do Maranhão, Maracaçumé, Morros, Paraibano, Pinheiro, São
Bento, São Bernardo, São João dos Patos, Sucupira do Riachão e Turiaçu.
Caxias
O município de Caxias sempre teve
destaque nessa produção, embora atualmente tenha diminuído o número de oficinas
em atividade, ainda há uma presença significativa de fundidores. A venda das
peças se dá nas oficinas, no mercado público e em algumas lojas especializadas.
Processo de confecção de uma peça
Santa Inês
No município de Santa Inês o número
de oficinas vem aumentando e hoje, dentre os municípios já mapeados, é o que
reúne maior número de fundidores, foram identificadas 12 oficinas.
Outros municípios
Em
Timon, Antonio Arrais faz uma grande variedade de peças decorativas em alumínio
fundido, com excelente acabamento, algumas bastante elaboradas: estatuetas,
máscaras, centros de mesa, divino, resplendor, castiçais...