Artesanato do Maranhão

Destaques

Alumínio fundido

Jandir Gonçalves e Paula Porta

Em diversas cidades maranhenses destaca-se a produção de peças em alumínio fundido, sobretudo panelas e utilitários de cozinha, mas também itens decorativos e mesmo peças de automóvel, moto ou barco. Os fundidores reproduzem qualquer peça a partir de uma que sirva de molde para fazer a forma, inclusive peças de vidro ou de outros materiais que se queira reproduzir em alumínio.

As oficinas reciclam sucata de alumínio, que é fundido e despejado em formas de areia. Na primeira etapa do processo a areia é peneirada, depois vem a feitura do molde a partir de uma peça existente. A areia é socada e compactada para que o modelo possa ser retirado cuidadosamente, coloca-se então a parte superior da forma com areia já compactada e nela é cavado o dreno por onde o alumínio será despejado. Derrete-se o alumínio e é feito o enchimento da forma. Deixa-se secar e então a peça, ainda quente, é retirada da forma. Na sequência, o dreno é cortado e é iniciado o acabamento com a rebarbação, o lixamento, o polimento (no caso de panelas, travessas e outros itens de cozinha). Quando necessário são acrescentadas asas/ alças, cabo de madeira ou baquelite, pegador, tampa.

Os fundidores costumam classificar o alumínio como mole e duro, existe também o alumínio temperado com outros metais, mas preferem não utilizá-lo. O material utilizado na produção é proveniente de todo tipo de peça de alumínio: aro e calha de bicicleta, partes de esquadrias, pistão, assoalho de ônibus, antena parabólica, boca de fogão, tampa de pinhão da moto, sobra de portão, panela velha, “fiagem de energia”, lata e outros materiais obtidos em locais de descarte ou comprados em sucatas.

Para a feitura de peças como fogareiro, churrasqueira, grelha, gadanho, usa-se o alumínio duro, que não serve para panela, pois escurece no fogo. O alumínio mole é utilizado para fazer panela, tacho, papeiro, frigideira, frigideira para três ou quatro ovos, cuscuzeira, leiteira, caldeirão, assadeira, forma de bolo/ boleira, tigela, prato, copo, colher, garfo, concha, escumadeira, cuia, espremedor de alho, espremedor de limão, bandeja, fruteira, de rodo de torrar farinha, pilão de tempero, abridor de garrafa, raspadeira de coco. Fazem também outros artefatos como hélice para embarcação, placa de rua, cruz para cemitério, números e letras para casas e lojas, tuchos para motor de trator e caminhão, cornetas para caixa de som, suporte para botijão de gás, jarro...

Panela é o nome que os fundidores utilizam para identificar a peça tradicional feita em duas partes, que tem formato de caldeirão e duas alças (podem ter três pinos que funcionam como pés, mas a maioria não tem). As partes são encaixadas e soldadas.

As oficinas reúnem, em geral, de um a seis artesãos, a maior parte delas são familiares. Uma única mulher foi identificada nesse tipo de produção, Luíza Lopes, de Junco do Maranhão, que se dedica a peças pequenas e talheres de servir.

Na maioria dos 18 municípios onde foram encontrados paneleiros ou fundidores de alumínio, as peças são vendidas diretamente nas oficinas – varejo e atacado – ou nas feiras da cidade produtora e entorno. Os artesãos também costumam levar sua produção para vender em grandes festas, como a de São Raimundo Nonato em Vargem Grande ou a de São José de Ribamar. Percebe-se que há um crescimento da produção, tendo em vista o aumento do número de pontos de venda. Em São Luís é possível encontrar em diversos mercados, inclusive nas Casa das Tulhas, no centro histórico e no mercado central.

Até o momento foram encontrados 43 artesãos dedicados à fundição de alumínio. Além de Caxias, Timon e Santa Inês, também estão presentes em Arame, Barra do Corda, Buriticupu, Cândido Mendes, Cururupu, Junco do Maranhão, Maracaçumé, Morros, Paraibano, Pinheiro, São Bento, São Bernardo, São João dos Patos, Sucupira do Riachão e Turiaçu.

Caxias

O município de Caxias sempre teve destaque nessa produção, embora atualmente tenha diminuído o número de oficinas em atividade, ainda há uma presença significativa de fundidores. A venda das peças se dá nas oficinas, no mercado público e em algumas lojas especializadas.

Processo de confecção de uma peça

Santa Inês

No município de Santa Inês o número de oficinas vem aumentando e hoje, dentre os municípios já mapeados, é o que reúne maior número de fundidores, foram identificadas 12 oficinas.

Outros municípios

Em Timon, Antonio Arrais faz uma grande variedade de peças decorativas em alumínio fundido, com excelente acabamento, algumas bastante elaboradas: estatuetas, máscaras, centros de mesa, divino, resplendor, castiçais...