A história local remonta a 1968, quando o aventureiro e desbravador José Guilherme de Andrade, que procurava caça na região, estabeleceu uma roça no ponto mais alto, hoje centro comercial da cidade. O local foi estratégico por ser próximo ao rio Maracaçumé, que tinha peixe em abundância. Por ser uma região ainda não povoada e posse da União, não havia demarcação. Foi emancipado de Godofredo Viana em 1994, ano em que foram criados outros 80 municípios no Maranhão. Seu nome é uma homenagem ao desbravador, decidida pela população. FONTE: IBGE, Wikipédia
Entre os rios e igarapés que cortam ou delimitam e formam a hidrografia de Centro do Guilherme estão: Rio Maracaçumé, principal rio da região, nasce na fronteira com a terra indígena Alto Turiaçú, da etinia Ka'apor; o Pacoral, o Maracaçumezinho; o Igarapé do Cedral (afluente do Maracaçumezinho); o Igarapé Pimentão (afluente do Maracaçumé); o Igarapé Braço Grande/ Lago Azul, a Fonte do Pimentinha e outras pequenas fontes.
A paisagem tem matas (árvores grossas e capoeira) e cocais. Muitas das madeiras da região estão em extinção. Também há muitos tipos de capim e árvores frutíferas (manga, azeitona, goiaba, caju, banana, açaí/juçara e cocoa).
A paisagem predominante na cidade é formada por pastos com extensa área improdutiva e forte presença do latifúndio.
Área de Conservação: Terra Indígena Alto Turiaçu.
O gado divide espaço com caixas de abelhas cultivadas por grandes e pequenos empreendedores. A pesca de água doce é favorecida pela abundância de cursos de água (alevinos, curimatã, curimbatá, piau, piapara, piauçu, piava, pintado, cachara, cachapira, pintachara, surubim, tambacu, tabatinga e tambaqui são espécies comuns na região). A agricultura produz arroz, feijão, mandioca e milho, além de banana, caju e coco. Há extração de açaí. O garimpo recruta muitos jovens e é realizado com grandes máquinas. A extração de madeira ainda é bastante presente e tem levado à extinção de algumas espécies. O município é cortado por rotas criadas para a grande circulação de madeireiros pela região.
O município é o terceiro mais pobre do Maranhão.
FONTE: CPRM, IMESC
A cultura da vaquejada é forte, os eventos incluem comercialização de animais e competições com grandes premiações.
A Festa do Açaí é realizada na Quadra 50.
Também se festeja o Carnaval e o São João com grupo de Bumba Meu Boi.
POVO KA'APOR
Terra Indígena Alto Turiaçu: Em Centro do Guilherme está cerca de 7% de seu território, habitado pelo povo Ka’apor da Aldeia Axinguirendá. A T.I. é habitada pelos povos Ka’apor, Awá-Guajá e Tembé, reúne 1.500 habitantes e seu território ocupa áreas de oito municípios.
Os Ka´apor surgiram como povo distinto há cerca de 300 anos, provavelmente na região entre os rios Tocantins e Xingu. Conflitos com colonizadores e com outros povos nativos, iniciaram uma lenta migração que os levou, nos idos de 1870, do Pará ao Maranhão, através do rio Gurupi. Por resistirem às tentativas de colonização e contato eram considerados um dos povos nativos mais hostis no país. Enfrentam até hoje constantes tentativas de invasão de suas terras, e sofrem com o desmatamento de parte de seu território, colocando a sobrevivência étnica dos Ka´apor em risco.
A língua ka’apor é da família tupi-guarani. Os Ka'apor vivem no norte do Maranhão. Todos os córregos e rios drenam para três grandes rios: Maracaçumé, Turiaçu e Gurupi. A vegetação predominante em seu território é a floresta alta pré-amazônica. Povo horticultor, os Ka'apor dependem da mandioca brava como fonte principal de calorias. Eles a consomem principalmente na forma de farinha. Cultivam cerca de 50 espécies de plantas usadas como alimento, tempero, remédios, fibras, ferramentas e armas. Além disso, eles caçam e coletam frutos nas matas densas e pescam em pequenos igarapés. A divisão sexual do trabalho não é rígida, mas as mulheres dedicam muito mais tempo do que os homens à preparação do alimento, especialmente ao processamento da mandioca brava. Os homens passam bem mais tempo caçando do que as mulheres.
No geral, os homens tecem as cestas, inclusive os tipitis (prensa de mandioca) enquanto as mulheres fazem as panelas, incluindo as grandes vasilhas (kamuši~) usadas para servir o caxiri de mandioca nas cerimônias de nomeação das crianças. A cultura material inclui arquitetura da casa e da paisagem, ferramentas, armas, utensílios, redes e vestuário. A cerâmica está sendo substituída em grande escala, mas ainda subsiste. A casa é construída a partir de um plano térreo retangular e tem um telhado inclinado. Ela normalmente acomoda uma família nuclear ou uma família extensa. Os moradores dormem em redes de algodão. Normalmente uma fogueira é mantida acesa na casa para cozinhar e aquecer as noites frias do período da seca. As mulheres coletam quase toda a lenha, cuidam de manter o fogo e a maior parte do trabalho de cozinha. O espaço imediatamente ao redor da casa é o quintal, onde se faz o processamento de mandioca, o forno de farinha (outrora de argila, hoje em dia de cobre) situa-se no alto de um suporte de adobe. Também no quintal, os homens fazem a maior parte da carpintaria, cestaria e modelagem dos acessórios de aço, enquanto que as mulheres se encarregam de principalmente trançar, costurar e tecer.
A arte plumária dos Ka‘apor é de altíssima qualidade e bastante renomada, já foi objeto de estudos e publicações. Os velhos artesãos fazem cocares, brincos, colares, pulseiras, braceletes e adornos labiais de penas. Eles são usados apenas nas cerimônias de nomeação das crianças, como testemunho da consciência que eles têm de si como povo. A arte Ka'apor é também vista nos desenhos geométricos que as mulheres pintam nos rostos com sumo de urucum e nas cabaças com tintura à base da casca da árvore makuku. A cerimônia mais destacada é a de nomeação das crianças.
FONTE: Instituto Socioambiental (ISA).