Artesanato do Maranhão

Cidades

CENTRO NOVO DO MARANHÃO

Artesãos registrados
21
Distância da capital em Km
268 km com travessia por balsa ou 477 km por terra
Região
Oeste Maranhense - Gurupi
Bioma
Amazônia
População
16.267 hab. (IBGE, 2022)
IDH
Baixo
História
A história do município é recente, remonta à década de 1950 com o início de uma povoação chamada Centro do Irineu. Em 1980 foi construída uma igreja no local e, em 1991, uma mais por iniciativa de padres cambonianos. Em 1994, o povoado foi emancipado de Carutapera, nesse mesmo ano foram criados outros 80 municípios no Maranhão.
FONTE: IBGE
Paisagem e atividades

Centro Novo do Maranhão está localizado na margem do rio Gurupi, divisa com o Pará. Além rio Gurupi, que tem várias praias e cachoeiras, banham o município os rios do Peixe e Turiaçu, além de igarapés, como o da Pedra, o Grande, o Jararaca, do Milho, Niniti, Maranata, Mão de Onça, Aparitiua, Santo Antônio, Itaquitiua e Guariba. Faz parte da Reserva Biológica do Gurupi, grande região de preservação ambiental congregada à Terra Indígena Alto Turiaçu.

As terras indígenas em conjunto e parte da área da Reserva Biológica do Gurupi ocupam 65% do território de Centro Novo e representam a área preservada.

Há algumas áreas de floresta com árvores de grande porte, mas predominam as áreas desmatadas para o estabelecimento de pastos, decorrentes da alta concentração de latifúndios na região. A pecuária extensiva é uma das principais atividades. Também estão presentes a apicultura (arroz, feijão, milho, mandioca, banana), a extração de cupuaçu e açaí, a extração de madeira e o garimpo de ouro (principalmente nos povoados de Chega Tudo, Limão e Cipoeiro), as minas foram descobertas na década de 1980.

Há belos balneários em alguns povoados.

FONTE: IMESC

Cultura

Festejos: Carnaval, São João, Santa Luzia, São Francisco, Festejo de São Pedro (padroeiro), Festa de São Raimundo, festas de terreiro

Eventos: Festival da Piaba (Povoado Barreira Vermelha, julho), Cavalgada, Vaquejada, Dia da Independência, Aniversário da cidade (novembro)

Há Bandas de Música e Fanfarras

Terras Indígenas

POVO KA’APOR

Terra Indígena Alto Turiaçu: Em Centro Novo do Maranhão está 58% de seu território, com seis aldeias do povo ka’apor: Araçatiua, Gurupiuna, Paracuy renda, Sítio Novo e Xiér pihun renda. O acesso às aldeias é mais fácil pelo município de Zé Doca.

A T.I. é habitada pelos povos Ka’apor, Awá-Guajá e Tembé, reúne 1.500 habitantes e seu território ocupa áreas de oito municípios. 

Os Ka´apor surgiram como povo distinto há cerca de 300 anos, provavelmente na região entre os rios Tocantins e Xingu. Conflitos com colonizadores e com outros povos nativos, iniciaram uma lenta migração que os levou, nos idos de 1870, do Pará ao Maranhão, através do rio Gurupi. Por resistirem às tentativas de colonização e contato eram considerados um dos povos nativos mais hostis no país. Enfrentam até hoje constantes tentativas de invasão de suas terras, e sofrem com o desmatamento de parte de seu território, colocando a sobrevivência étnica dos Ka´apor em risco. A língua ka’apor é da família tupi-guarani.

Os Ka'apor vivem no norte do Maranhão. Todos os córregos e rios drenam para três grandes rios: Maracaçumé, Turiaçu e Gurupi. A vegetação predominante em seu território é a floresta alta pré-amazônica.

Povo horticultor, os Ka'apor dependem da mandioca brava como fonte principal de calorias. Eles a consomem principalmente na forma de farinha. Cultivam cerca de 50 espécies de plantas usadas como alimento, tempero, remédios, fibras, ferramentas e armas. Além disso, eles caçam e coletam frutos nas matas densas e pescam em pequenos igarapés. A divisão sexual do trabalho não é rígida, mas as mulheres dedicam muito mais tempo do que os homens à preparação do alimento, especialmente ao processamento da mandioca brava. Os homens passam bem mais tempo caçando do que as mulheres.

No geral, os homens tecem as cestas, inclusive os tipitis (prensa de mandioca) enquanto as mulheres fazem as panelas, incluindo as grandes vasilhas (kamuši~) usadas para servir o caxiri de mandioca nas cerimônias de nomeação das crianças. A cultura material inclui arquitetura da casa e da paisagem, ferramentas, armas, utensílios, redes e vestuário. A cerâmica está sendo substituída em grande escala, mas ainda subsiste.

A casa é construída a partir de um plano térreo retangular e tem um telhado inclinado. Ela normalmente acomoda uma família nuclear ou uma família extensa. Os moradores dormem em redes de algodão. Normalmente uma fogueira é mantida acesa na casa para cozinhar e aquecer as noites frias do período da seca. As mulheres coletam quase toda a lenha, cuidam de manter o fogo e a maior parte do trabalho de cozinha. O espaço imediatamente ao redor da casa é o quintal, onde se faz o processamento de mandioca, o forno de farinha (outrora de argila, hoje em dia de cobre) situa-se no alto de um suporte de adobe. Também no quintal, os homens fazem a maior parte da carpintaria, cestaria e modelagem dos acessórios de aço, enquanto que as mulheres se encarregam de principalmente trançar, costurar e tecer.

A arte plumária dos Ka‘apor é de altíssima qualidade e bastante renomada, já foi objeto de estudos e publicações. Os velhos artesãos fazem cocares, brincos, colares, pulseiras, braceletes e adornos labiais de penas. Eles são usados apenas nas cerimônias de nomeação das crianças, como testemunho da consciência que eles têm de si como povo.

A arte Ka'apor é também vista nos desenhos geométricos que as mulheres pintam nos rostos com sumo de urucum e nas cabaças com tintura à base da casca da árvore makuku. A cerimônia mais destacada é a de nomeação das crianças.

POVO AWA GUAJÁ

Terra Indígena Awa: Em Centro Novo do Maranhão está 65% de seu território, onde está a aldeia Juriti dos Awa e a região habitada pelo povo chamado de Mão de Onça, que vive isolado. O acesso à aldeia é mais fácil pelo município de Zé Doca.

Os Awa Guajá são uma pequena população que se encontra no noroeste do Maranhão. Seu contingente populacional é estimado em cerca de 520 pessoas (2018). Vivem em terras indígenas situadas nos últimos refúgios de floresta amazônica do estado. A maior parte da população vive em aldeias, mas há grupos vivendo em isolamento voluntário nas TIs Awá, Caru e Araribóia.

Os Awa Guajá se autodenominam Awa. Sua história é marcada por genocídios e pela violência sofrida ao longo de décadas, desde os primeiros contatos com os não indígenas. Seu território tradicional foi atravessado e cortado ao meio pela Rodovia BR-222, na década 1960, e pela Estrada de Ferro Carajás, nos anos 1980. Os Awa resistiram como puderam para seguir com um modo de vida essencialmente ligado à floresta.

A língua Guajá integra o tronco tupí e é falada fluentemente em todas as comunidades e por todos os indivíduos, não há indícios de que esteja enfraquecendo. De maneira geral, aqueles que melhor se comunicam em português são os homens mais jovens que costumam representar o povo em reuniões e eventos relacionados a questões político-sociais e que acompanham os velhos, as mulheres e as crianças quando precisam sair das aldeias.

A aldeia mais antiga é a Cocal (antigo Posto Indígena Guajá), localizada na TI Alto Turiaçu, onde também vivem os povos Ka'apor e Tembé. Na TI Caru, território compartilhado com os Guajajara, estão as aldeias Tiracambu e Nova Samiỹ. Já na TI Awa, a última a ser demarcada, está localizada a aldeia Juriti.

Há grupos awa isolados, que vivem entre as TIs Awa e Caru e um outro na TI Araribóia, território guajajara mais ao sul.

Os territórios Awa estão nas últimas parcelas de floresta tropical parcialmente preservadas e formam um corredor verde junto com a Reserva Biológica do Gurupi, a única Unidade de Conservação de proteção integral na Amazônia maranhense.

As principais atividades econômicas na região são, de um lado, o corte de madeira e a produção de carvão vegetal e, de outro, o desenvolvimento da agropecuária e as plantações de eucalipto nas áreas desmatadas.

Há décadas as Terras Indígenas têm sido invadidas. Os Awa estão ameaçados pela destruição ambiental e pela violência que vem no lastro de atividades ilegais. Até o século XIX, os Awa poderiam ser encontrados no leste do Pará e provavelmente no final desse século atravessaram o rio Gurupi para o Maranhão. Há relatos de que há pelo menos 150 anos grupos Awa vivem nas imediações dos rios Pindaré e Turiaçu. Boa parte do século XX foi marcada pelas fugas dos Awa. Foram épocas de muito sofrimento pela impermanência dos acampamentos e pelo risco constante de serem mortos por não indígenas ou de morrerem de doenças infectocontagiosas.

O que manteve os Awá vivos e praticamente “invisíveis” durante o século XX foi a capacidade de viverem em grupos pequenos na floresta. Esses grupos se dispersaram na mata e muitos deles somente voltaram a se encontrar após o contato oficial, quando foram reduzidos em aldeias permanentes. Em 1985, teve início a identificação da TI Awá, que interliga as TIs Caru, que margeia a ferrovia, e Alto Turiaçu, e foi destinada ao usufruto exclusivo dos Awa Guajá. No entanto, até a sua desintrusão completa, em 2014, estava invadida por centenas de ocupantes ilegais, entre eles fazendeiros, posseiros, madeireiros e pequenos agricultores. Nos últimos anos, parte dos antigos ocupantes ilegais e invasores voltou ao território com gado e roças de mandioca. Para os Awa, o silêncio e a atenção são atitudes fundamentais para se viver na floresta. Porém, com a construção da ferrovia, essa experiência tem sido modificada brutalmente. As grandes aldeias onde hoje os Awa vivem, com cerca de 50 a 200 pessoas são novidade.

Apesar de reunirem muitas pessoas, cada aldeia se estrutura como um conjunto de pequenas aldeias, não há pátio central ou qualquer espaço que seja o centro da vida coletiva. O coletivo pode ser articulado em contextos específicos, mas logo se dissolve em uma organização social descentralizada. É por isso que a noção de liderança também assume um sentido específico: é aquele que consegue convencer os outros com as suas palavras ou com a sua empolgação com relação a uma tarefa. A vida na floresta continua sendo fundamental para os Awa. No verão as aldeias viram base para suas incursões de caça, quando passam longas temporadas na floresta. A "vida em aldeia" surgiu no contexto das frentes de atração da Funai e dos chamados "postos indígenas".

Os Awa usavam o termo funai para nomear as aldeias onde passaram a viver. A caça é uma atividade central, não somente em termos de subsistência, mas especialmente em termos existenciais.

A agricultura tem sido introduzida ao longo dos anos pela Funai. Tradicionalmente, toda a alimentação awa vem da floresta: as caças, os méis e os frutos como pequis, cupuaçu, bacuri, bacaba, inajá, dentre outros. A farinha de mandioca era desconhecida até os contatos com a Funai. A pesca, apesar de amplamente praticada, é uma atividade menos desenvolvida. Os Awa permaneceram muito tempo distante dos cursos de grandes rios e não possuíam canoa ou armadilhas para a captura de peixes. Os rios e igarapés abastecem as pessoas não só de peixes, mas também com as carnes de uma espécie de jacaré, de poraquês e da capininga, um quelônio habitante dos lodos.

Cantar é um aspecto central na cultura Awa. Cantam em muitas situações: antes do amanhecer, acompanhando o nascer do sol, avisando a uma seção residencial que o sol irá raiar; à noite, para embalar as crianças; nas caçadas, bem baixinho para que não sejam ouvidos; ou bem alto, ao voltarem para a casa com a caça abatida. Existem cantos que manifestam alegria, prazer sexual e a condição de se estar junto. Cantam mesmo até sem qualquer motivo aparente, só pelo prazer.

FONTE: Instituto Socioambiental (ISA).

Bancos
Casa Lotérica, Bradesco
Correios
R. do Comércio, s/n

Povoados 7

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